A IMAGEM DO ESPELHO

                                                  Imagem:  http://bruxaguinevere.blogspot.com.br/2006/12/espelhos.html

Sentado diante do espelho olhando a imagem que ele reflete, começo a pensar o que houve, como aconteceu, essa imagem no espelho não representa eu. Vejo um homem de meia idade, já distante da mocidade, não reconheço a silhueta, muito menos a idade. Cadê eu? O que fizeram comigo? Continuo a pensar olhando para a imagem do espelho.

Por alguns momentos começo a viajar, faz pouco tempo que vivia despreocupado em família com meus pais. Levantando todos os dias encontrado os meus irmãos, a mãe já tinha levantado e deixado um bule de café para o desjejum, acompanhado com pães, leite e jerimum. Sem pressa sorvia o café enquanto sentia o sabor do pão com sabor de grãos ou seria de café? Não sei.

Não faz tempo que brincava com meu carrinho favorito de madeira, entrando na lama e na chuva, sem casaco ou calça, não sentia frio, nem mesmo um simples arrepio, somente queria com meu carrinho brincar. Voltava para casa todo sujo, barro para todos os lados, mas vinha gritando rindo descarado, pois tinha conseguido o dia todo brincar.

Lembro do gosto do almoço, também do bolo de maçã, nada escapa as memórias, elas estão para nos lembrar. Dias felizes passamos, seguiam os dias, meses e anos, para vida de criança nada significava, todos os dias eram para brincadeiras. Diante dessa bobeira fomos sendo levado pela vida como uma esteira e hoje seguimos ela sozinhos pensando em toda canseira que demos em nossos pais para eles nos educar.

Parece que foi ontem o meu primeiro emprego, que logo seguiu o primeiro beijo, a primeira namorada, primeira piscadela, primeira risada, uma primeira cantada. Não sei o que aconteceu, parece que todo o tempo se inverteu e a nossa vida envelheceu, sumiu o riso e o rosto de garoto se escondeu. Com a sequência de verões e invernos, céu, terra ou no inferno, algo aconteceu, os dias já não tem mais as horas que tiveram.

Doem, foi muito dolorido...Não era sonho, não estava dormindo, a imagem continuam no espelho, olhando para mim quase rindo. O espelho diz que sou eu, incrédulo olho para ele, mas não encontro eu, onde foi parar a minha real imagem o meu próprio eu? Não sei, o espelho não me diz, continua a imagem a refletir e para meu desespero nem pensa em desistir, mas também não vou sossegar, até encontrar o meu verdadeiro eu.

Por fim convencido, nos cumprimentamos e saímos de mansinho em passos pequenos, vacilantes e indefinidos, não quero pensar no que vi. Cada um vai para um lado, seguindo sua vida em modo separado, nem quero pensar naquele rosto de olhos arregalados. Foi coisa do espelho, ele que a imagem distorceu, depois de tanto tempo vivendo na terra aquele não pode ser o rosto meu!

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