Sergio Weinfuter

há 4 anos · 7 min. de leitura · ~10 ·

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Diante do coronavírus, o jogo do poder

Diante do coronavírus, o jogo do poder

 

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Imagem:  https://www.istoedinheiro.com.br/o-jogo-pelo-poder-na-brf/



Nem mesmo diante de uma pandemia global, onde milhares de pessoas morreram e outras tantas adoeceram, os políticos não param de tentarem mostrar sua força em meio a crise. Parece que não se importam com o que acontece, eles precisam mostrar a sua força política, não sei para quem.


O presidente americano Donald Trump em primeiro momento não acreditava que deveria fazer quarentena, isolar as pessoas, acreditava que o vírus passaria, mas não faria muito estrago em seu país. Ledo engano. Atualmente é o país com mais vítimas fatais no mundo. É claro que diante disso o presidente mudou seu discurso e hoje incentiva o isolamento social e fez mais ainda; confiscou cargas de insumos que viriam para o Brasil, França e Alemanha, proibiu a empresa americana 3m de exportar seus produtos, o que gerou protesto por parte da direção da empresa e do governo do Canadá, que também precisa dos produtos da referida empresa.


No Brasil a situação não está melhor. Já passa de mil as vítimas fatais do vírus, mas o presidente Jair Bolsonaro insiste em sair de sua residência, passear por diversos locais, conversar e cumprimentar apoiadores, sem o menor cuidado. Em cada uma de suas saídas ele leva consigo várias pessoas e outras tantas ficam aglomeradas em sua passagem, contrariando tudo o que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS) e também o ministro da saúde brasileiro Luiz Henrique Mandetta; Que por isso mesmo já teve atritos com presidente, que o ameaçou de demissão, mas não teve coragem de demiti-lo.


O presidente brasileiro não acredita no isolamento social, ele acredita que somente ficando os idosos em casa, tudo está resolvido e disse isso em muitos dos seus discursos. Está mais preocupado em retomar o ritmo normal, abrir empresas e lojas, fazer a roda financeira girar, sem se preocupar com o número de vítimas fatais que na falta do isolamento social, possam advir.


6a35bb05.jpgDiante desta aparente falta de responsabilidade do presidente brasileiro, os governadores estaduais tomaram as rédeas de seus estados e decretaram quarentena a toda população, salvo para os que trabalham em lugares de primeira necessidade ou o pessoal da saúde. Os demais têm de ficar em casa, cuidando de sua saúde e da saúde de seus entes queridos.


Porém mesmo com os governadores fazendo sua parte na tentativa de seguir as orientações da OMS e do ministro da saúde, nem tudo sai como o esperado. O presidente brasileiro continua ameaçando os governadores em seus pronunciamentos. Deixa sua residência sem o menor cuidado e fala claramente que a responsabilidade pelo fechamento do comércio/indústrias e decretos de quarentena, é de inteira responsabilidade dos governadores. Também ameaçou expedir um decreto finalizando a quarentena no país, mas não o fez, com medo do que poderia acontecer, caso ele obrigasse os governadores a finalizar o isolamento social em seus estados.


Mesmo com o decreto estadual orientando o isolamento social, alguns prefeitos tentaram não seguir as orientações dos governadores e deram ordens de abrir as lojas que deveria ficar fechadas. Um dos casos foi em Brusque, cidade catarinense, que faz parte do vale do Itajaí. O prefeito JONAS OSCAR PAEGLE decretou no último dia 08/04/2020 que a cidade saísse da quarentena decretada pelo governador Carlos Moisés, abrissem as lojas e empresas voltasse com seu funcionamento normal. Isso gerou aplausos de alguns inconsequentes, mas também gerou protestos do governador catarinense e um indiciamento do prefeito brusquense no ministério público.


No dia estipulado para abertura do comércio em geral, alguns estabelecimentos tentaram retomar sua rotina, mas em sua abertura, a polícia militar os fez fechar as portas novamente. Pelo menos trinta estabelecimentos foram fechados. É claro que isso gerou um mal-estar entre o prefeito da cidade e o governador, principalmente pelo prefeito de Brusque ser médico e saber exatamente o que estava fazendo: colocando a população da cidade em risco, exposta a um vírus mortal. Ele tentou mostrar força em uma hora que deveria mostrar coragem e não ceder aos apelos dos empresários. Este jogo do poder, ele perdeu.


Com a iniciativa do prefeito brusquense os bancos ficaram abarrotados, pessoas em filas quilométricas aguardando o atendimento, sem estarem longe uns dos outros. Ninguém respeitou à distância de pelos menos dois metros entre pessoas, ficaram todas aglomeradas na calçada a espera de atendimento. Tudo o que não poderia acontecer, em um momento em que a pandemia começa a fazer mais vítimas fatais a cada dia em nosso país.


f599ee82.jpgÉ claro que para o mundo de hoje o dinheiro é importante, mas não pode estar acima da vida humana. Em toda Europa o isolamento social está sendo observado e os países que demoraram a observar este isolamento social, estão pagando um alto preço em vidas humanas. Precisamos sim da parte financeira para sobrevivermos, mas precisamos cuidar primeiro de nossas saúdes. Sem vida não precisamos de dinheiro, comida e muito menos de empregos.


Se tratando de mundo livre as orientações que estão sendo seguidas em sua grande maioria são ditadas pela OMS e os órgãos de saúde de cada país, mas o jogo de poder também acontece em países onde as ditaduras florescem. Na América latina o presidente ditador da Venezuela Hugo Chávez somente falou que a população venezuelana está lutando com o vírus de forma exemplar, mas não passou maiores detalhes. O mundo sabe que o presidente venezuelano vem estrangulando o país com sua ditadura e antes da pandemia já não havia comida suficiente para alimentar a população venezuelana. A maioria vive abaixo da linha da pobreza, sem acesso a saúde e saneamento básico adequados.


Em Cuba acontece a mesma coisa, são poucas as informações sobre o estrago que o vírus vem fazendo neste país, que vive uma ditadura há mais de sessenta anos. O presidente chinês Xi Jinping declarou várias vezes que o vírus vem perdendo força em seu país. Mas não tem como acreditar em um presidente mentiroso e dissimulado, que quando soube do vírus letal que estava se espalhando pelo seu país, achou melhor silenciar o médico que tentou alertar, do que cuidar para que esse mal não se espalhasse pelo mundo.


Países com regime ditatorial não gostam de falar abertamente sobre o vírus e dizer que a população está sendo dizimada por ele ou até mesmo admitir que tem alguém contaminado pelo terrível vírus. Todos tentam jogar com a vida das pessoas e mostrar sua força, fazer seu jogo do poder. Com a contaminação generalizada da raça humana em todos os continentes, inacreditavelmente em alguns lugares ainda não foram relatados casos da doença em suas populações ou seria mais uma forma do jogo do poder?


edd6d098.jpgParece impossível mas segundo o monitoramento da Universidade Johns Hopkins até 10 de abril de 2020 os países de  Samoa, Lesoto, Coreia do Norte, Turcomenistão, Tajiquistão, Nauru, Tuvalu, Palau, Micronésia, Tonga, Vanuatu, Comores, Kiribati, Ilhas Marshall e Ilhas Salomão. Alguns outros territórios (que não são considerados países) como Antártida e Ilhas Christmas também ainda não tiveram registro de casos. Mas será mesmo verdade?


Pode ser que seja verdade, mas também pode ser uma grande mentira e estes presidentes podem estar fazendo somente seu jogo do poder, deixando a população de seus pais perecerem, somente para esconder a verdade. É o caso curioso da “Coreia do Norte. O país governado pelo ditador Kim Jong-un está colado na China e afirma não ter reportado nenhum caso da doença. Isso não significa, contudo, que o vírus não tenha chegado por lá – ele provavelmente está circulando no país, mas os dados não estão sendo divulgados (ou mesmo contabilizados pelo governo).” (ROSSINI, 2020)


Infelizmente este não é um caso isolado. No país “[...] do Turcomenistão, um dos regimes mais fechados do mundo. O ditador Gurbanguly Berdimuhamedow proibiu o uso das palavras “coronavírus” e “Covid-19” no país. Elas não podem aparecer em notícias e nem mesmo em uma conversa comum entre as pessoas – sob risco de prisão.” ((ROSSINI, 2020) Este sanguinário ditador deve acreditar que se não mencionar o nome do vírus, ele não ataca a população. Esta tentativa de negação, talvez seja o caso mais extremo de ditadura no mundo.


Ainda segundo a repórter Maria Clara Rossini, da revista Superinteressante on line (2020) “O país fica ao lado do Irã, que já contabiliza 66 mil casos e 4 mil mortes. É o mesmo caso da Coreia do Norte. Em um ranking de liberdade de imprensa feito pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, o Turcomenistão fica em último lugar. Até onde se sabe, a vida lá não mudou em nada: os bares estão abertos, as aglomerações continuam acontecendo e ninguém anda de máscara.”


Por deixar a população desinformada sobre o mortal vírus que se espalha rapidamente pelo mundo, o Tajiquistão também participa ativamente dessa desinformação ou seria negação? “Por lá, tem rolado até campeonato de futebol, mas com as arquibancadas vazias. O país é considerado uma república, mas o presidente Emomali Rakhmov não sai do posto desde 1994, o que levanta críticas sobre manipulação de eleições.” (ROSSINI, 2020)


82001737.jpgPorém no Tajiquistão diferente do Turcomenistão eles fazem alguma coisa para tentar detectar o vírus, pelo menos é o que dizem. “[...] as pessoas que chegam de outros países são testadas e colocadas em quarentena. A hipótese é que o vírus também já esteja no país, mas ainda não foi detectado pelas autoridades. É possível que o primeiro caso apareça em breve.” (ROSSINI, 2020)


Um agravante para os países é que “Não tem como notificar casos de coronavírus sem testes. Países que estão passando por guerras não possuem recursos para fazer uma campanha de testagem e ter uma dimensão real do problema no território. A Síria, que passa por uma guerra civil desde 2011, só reportou 15 casos de coronavírus até agora.” (ROSSINI, 2020) Não há como acreditar nesta contagem.


Além dos países imersos em guerras ou em ferrenhas ditaduras, também algumas ilhas dizem não haver a proliferação do vírus em sua população. Segundo ROSSINI, (2020) “Aqui estão os lugares em que o vírus talvez realmente ainda não tenha chegado. Algumas ilhas do Pacífico, como Kiribati, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Nauru, Tuvalu, Palau, Micronésia, Tonga, Vanuatu e Samoa não registram nenhum caso. Mesmo sem o vírus ter chegado por lá, os países já adotam medidas de prevenção e isolamento, como o fechamento de escolas.” Não deixaram a prevenção para última hora ou quando não há mais formas de controlar.


Estes locais antevendo o que poderia acontecer a sua população, eles já começaram a se mobilizar para tentar fazer frente ao vírus, caso chegue a seus país. Acompanhando os países que já estão sofrendo com o vírus estas ilhas adotaram medidas de segurança, sendo “[...] a principal medida adotada para conter a chegada do coronavírus foi a restrição de turistas. Elas são aquelas ilhas paradisíacas que te deixam com vontade de viajar quando aparecem no feed do Facebook. Muitas delas recebem visitantes todos os anos, mas tiveram que abrir mão do turismo para evitar a disseminação do vírus, o que poderia causar um colapso no sistema de saúde.” (ROSSINI, 2020)


Pelo isolacionismo territorial e “Sem muitas pessoas, a chances do vírus chegar lá é menor. A população de cada um desses países não passa de um milhão de habitantes. Além disso, as ilhas estão em uma região bem isolada do Oceano Pacífico. Kiribati, por exemplo, está em cima da linha internacional de data – a 6 mil quilômetros da Austrália e 10 mil quilômetros da América do Sul.” (ROSSINI, 2020) Mesmo isoladas não estão imunes, há sempre suspeita de que o vírus possa ter chegado ao país, mas as autoridades do governo não sabem ou estão ocultando.


f83e62da.jpgDe concreto o que se sabe é que “A Antártica é o único continente que ainda não possui casos. Ela não tem uma população fixa, e sim um rodízio de poucos pesquisadores que se instalam temporariamente no local para fazer estudos.” (ROSSINI, 2020) Nos demais locais é possível que haja casos que o governo não sabe ou quer esconder, fazendo seu jogo do poder, querendo mostrar sua força ou quem sabe, somente deixar evidente sua ignorância diante do mundo. Cada governo toma suas decisões e as pessoas que estão vivendo nesses paises ficam a mercê da vontade desses presidente, reis ou ditadores que muitas vezes colocam seus próprios interesses acima dos interesses do povo e governam o país, como se fosse sua própria casa. Tudo é válido no jogo do poder e alguns vão morrer, como afirmou diversas vezes em entrevistas o nosso presidente.


Com o jogo da desinformação, negacionismo, ditaduras, brigas entre grupos do próprio governo ou governos tentando utilizar seu maior poder de compra para deixar os demais países desamparados, fica difícil saber para onde os seres humanos seguirão. Em plena pandemia, que seria hora de todos os países se unirem, formarem alianças, ficarem mais fortes para combater o inimigo comum, cada um luta por si mesmo e que os demais se virem. Nem mesmo em uma crise global não há como formar um governo mundial, unindo a todos para o bem comum, se nem dentro dos próprios países, os governos não conseguem lutar unidos e preferem fazer diante do coronavírus, o jogo do poder. Salvem-se quem puder!


Para saber mais:

ROSSINI. Maria Clara, Quais países ainda não têm casos de coronavírus? Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/quais-paises-ainda-nao-tem-casos-de-coronavirus/ Acesso em 11/04/2020


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


Meu livro:

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-731863560-livro-guerreiro-das-sombras-_JM


Comentários

Sergio Weinfuter

há 4 anos #2

#1
Acredito que após passarmos esta ameaça viral, começará a ameaça financeira, onde pessoas já estão perdendo seus empregos, ficando sem renda para sustentar a si mesmo e suas familias. Teremos tempos dificeis pela frente com toda certeza.

Ali Anani

há 4 anos #1

Sergio Weinfuter Estes são tempos difíceis. as pessoas aqui também estão ficando em casa. A questão é por quanto tempo as pessoas que vivem com renda diária podem sustentar essa situação? A complexidade e a subcertidão dos viros tornam as decisões amplamente aceitáveis uma tarefa desafiadora.

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