Indústria Criativa: a relação entre cultura e economia

A cultura está presente na história da humanidade antes mesmo de termos registros documentados, muito antes das primeiras pinturas rupestres, já que por definição entendemos o idioma, o comportamento, a culinária e todos os traços de um grupo étnico como cultura.

 

A cultura brasileira assim como seu povo é extremamente diversificado, em cada região é possível notar diferença em costumes, tradições, expressões artísticas e comidas típicas, por exemplo. 

 

Mas mais do que apenas existir desde sempre na sociedade a cultura é viva e está em movimento, evoluindo e originando novas, dessa forma, podemos observar que ela também pode ser usada como uma ferramenta de ascensão econômica e poder. 

 

Neste artigo iremos analisar os resultados econômicos alcançados por países que investem em cultura e quais seus impactos dentro de uma sociedade. 

 

Influência cultural dos EUA no mundo

Os Estados Unidos há décadas difunde sua cultura e influência o mundo, o investimento em arte nas escolas cria uma verdadeira fábrica de artistas. Por meio do cinema, da música e da televisão disseminam seu modelo de vida sugestionando passivamente ao mundo o que vestir, o que ouvir e o que consumir.

 

Atualmente o país é o terceiro mais visitado no mundo, são cerca de 79 milhões de turistas anualmente, segundo números da Organização Mundial de Turismo, ficando logo atrás da França e Espanha, respectivamente com 89 milhões e 84 milhões de visitas.

 

Embora o posto de terceiro lugar ainda assim os Estados Unidos é o país que mais arrecada com o turismo, são cerca de 214 bilhões de dólares anuais, mais do que o dobro que a França e Espanha com seus 67 bilhões e 74 bilhões de dólores respectivamente. Talvez os números sejam mais um indicativo de que os produtos e a cultura norte americana são os mais consumidos mundialmente.

 

De acordo com a Ruby Media Corporation mais da metade dos dez produtos listados mais consumidos no planeta Terra são de origem dos Estados Unidos, vai desde bens de consumo a arte.

 

Cultura como investimento econômico

Desde a última década é perceptível o crescimento da indústria cultural sul coreana. O país atualmente se posiciona como uma potência junto aos Estados Unidos produzindo K-Dramas, cinema, grupos musicais e programas de televisão que são uma verdadeira febre pelo mundo.

 

A indústria fonográfica, por exemplo, teve um salto impactante nos últimos anos saindo da 30° (trigésima) posição para a 6° (sexta) maior do mundo, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica.

 

O investimento governamental contribuiu para a expansão da cultura popular sul coreana no mundo levando muitos amantes de grupos como BTS a criarem mais interesse pelo país fomentando assim o turismo, o intercâmbio acadêmico, o consumo pelos K-Dramas, pelos famosos produtos de skincare e pela culinária, o que gerou mais empregos e o crescimento da economia.

 

Atualmente o grupo BTS é o mais famoso do mundo, já o cinema sul coreano vem aos poucos ganhando cada vez mais destaque e prestígio, resultado de um pouco mais de vinte anos de forte investimento em cultura.

 

Cinema nacional incentivando o turismo

Nos anos 2000 as produtoras de cinema nacional investiram em filmes policiais que retratavam a violência urbana, mas também a vida profissional e pessoal de policiais e moradores de comunidades, em especial as do Rio de Janeiro. Cidade de Deus (2002) dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, assim como Tropa de Elite (2007) de José Padilha foram os que mais se destacaram e tiveram um excelente reconhecimento internacional.

 

Nesse cenário foi observado o início de um turismo bastante específico: o tour nas favelas cariocas incentivado pelo imaginário transmitido pelo cinema. Uma grande parte dos turistas internacionais quando visitam o país têm como principal destino a cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamentos da Agência Brasil. Muitos desses estrangeiros fomentam a economia dentro das comunidades com a busca por guias e o consumo de serviços de restaurantes, bares e até mesmo posadas, tudo com muita hospitalidade brasileira.

 

Seguindo essa ideia e sabendo que o Brasil pouco investe em cultura mesmo que ela produza 2,5% do PIB nacional, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), quanto economicamente o Brasil poderia se beneficiar com maiores incentivos ao setor cultural?

 

Como incentivar a cultura?

Agora que discutido a relação direta entre cultura e economia junto a ideia de que o Brasil recebe pouco incentivo ao setor mais promissor em todo mundo é importante lembrar que como cidadão é possível sim contribuir.

 

Toda expressão artística desde o artesanato local aos eventos de uma cidade fazem parte de um grande sistema direto e indireto sociocultural, o consumo desses produtos nada mais é do que um incentivo cultural não só a mente criativa, mas também a uma rede de pessoas que são beneficiadas economicamente como um todo, afinal, quanto mais se produz mais se consome.

 

Um grande exemplo disso é o carnaval carioca que sozinho movimenta cerca de 4 bilhões de reais ao ano na cidade do Rio de Janeiro, segundo a Carnaval de Dados e gera centenas de emprego e renda.

 

Hoje existe algumas vaquinhas virtuais em que o dinheiro arrecadado é completamente direcionado ao apoio à artistas locais, assim como a SALIC que nada mais é do que o Sistema de Apoio às Leis de Incentivo Cultural, onde é possível acompanhar iniciativas por região através de seu site.

 

Em suma, o importante é sempre apoiar a indústria cultural da sua região e do país, dessa forma estará também apoiando a sociedade em que se relaciona e contribuindo para um futuro melhor dela.