Sergio Weinfuter

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LENDA: O NEGRINHO DO PASTOREIO

LENDA: O NEGRINHO DO PASTOREIO



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                            Imagem:  http://www.guascatur.com/2016/10/aldo-locatelli-negrinho-pastoreio.html



Lenda antiga do sul do Brasil, criada ainda na época que o país não havia libertado os escravos, fazendo destes mão de obra nas lavouras e fazendas de gados, sobretudo no sul do país, onde até hoje existem fazendas enormes de criação de gado para o corte e também para a produção de leite. Essa lenda retrata um pouco da crueldade dos fazendeiros com os seus escravos, mesmo sendo somente uma criança.


Segundo a lenda “havia um menino negro escravo, de quatorze anos, que possuía a tarefa de cuidar do pasto e dos cavalos de um rico fazendeiro. Porém, num determinado dia, o menino voltou do trabalho e foi acusado pelo patrão de ter perdido um dos cavalos.” (Portal de pesquisas, 2014 p.1) Para um escravo, isso não era bom, pois todos eles eram responsáveis por suas tarefas diária e não poderiam fracassar em suas realizações.


6e0a55c3.jpgPor isso “O fazendeiro mandou açoitar o menino, que teve que voltar ao pasto para recuperar o cavalo. Após horas procurando, não conseguiu encontrar o tal cavalo. Ao retornar á fazenda foi novamente castigado pelo fazendeiro.” (Portal de pesquisas, 2014 p.1) Mesmo sendo somente um menino, não havia piedade e eles eram castigados como se fossem adultos.


Todos os castigos para os escravos eram ruins, mas “Desta vez, o patrão, para aumentar o castigo. Colocou o menino pelado dentro de um formigueiro.” (Portal de pesquisas, 2014 p.1) E dessa forma passou a noite toda. Em outras palavras, abandonou o menino para morrer no local, pois ao passar uma noite sozinho, em meio ao frio do inverno no sul do Brasil, sendo comido por milhares de formigas, poucos teriam sobrevivido aquela noite infernal.


Mas qual não foi a surpresa dele quando “No dia seguinte, o patrão foi ver a situação do menino escravo e ficou surpreso. O garoto estava livre, sem nenhum ferimento e montado no cavalo baio que havia sumido.” (Portal de pesquisas, 2014 p.1) Era um milagre, não somente seu escravo estava vivo, mas também aparentemente, havia encontrado seu cavalo.


Mas o que o fazendeiro não sabia é que havia perdido seu escravo para sempre, pois ele tinha uma protetora que estava além do alcance do malvado patrão. “Conta a lenda que foi um milagre realizado por Nossa Senhora que salvou o menino. De acordo com a lenda, o menino foi transformado num anjo e, ainda hoje, fica cavalgando pelos campos.” (Portal de pesquisas, 2014 p.1)


56dde6ac.jpgHá outras versões da lenda do negrinho do pastoreio, mas todas elas retratam a maldade dos fazendeiros contra seus escravos. Eles não toleravam a menor falha deles e quando acontecia, todos os escravos eram castigados rudemente, sem exceções. Essa lenda “Foi muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É uma lenda reconhecidamente do Rio Grande do Sul, e alguns folcloristas afirmam que a região tem uma única lenda sua, criada ao jeito local.” (Só história, 2017 p.1) Dessa forma ela foi se espalhando pelo país e hoje faz parte do folclore brasileiro.


Ainda falando sobre a origem da lenda, segundo o site Só história (20147) “A lenda do Negrinho do Pastoreio é uma lenda meio cristã e meio africana. É uma lenda muito popular no sul do Brasil e sua origem é do fim do Século XIX, no Rio Grande do Sul.” Até hoje ela faz sucesso entre os “causos” contados no sul do Brasil, nas rodas de chimarrão, nos churrascos de fogo de chão ou numa boa vaquejada e encontros de amigos, sempre há alguém que lembra e conta a lenda.


Em outra versão contada no sul do Brasil, ela é relatada dessa forma:


Conta a lenda que nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Em um dia de inverno, fazia muito frio e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros que acabara de comprar. No final da tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. Disse o estancieiro: "Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece". Aflito, o menino foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou o cavalo pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
De volta à estância, o estancieiro, ainda mais irritado, bateu novamente no menino e o amarrou nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha. A partir disso, entre os andarilhos, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo baio. Desde então, quando qualquer cristão perdia uma coisa, fosse qualquer coisa, pela noite o Negrinho procurava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.
Fonte: http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/negrinho/ Acesso em: 30/03/2017Autor em Título da fonte


Como qualquer lenda, com o passar dos anos vão inserindo elementos que originariamente não haviam, deixando a lenda mais interessante para alguns e melhor de relatar para outros, mas o que ninguém consegue esconder, é que essa lenda tem nuances de grande pavor e desespero e por mais que tente pintar um bonito quadro dela, nada consegue esconder a crueldade feita com os escravos, na época da escravidão no Brasil. Se os senhores de escravos conseguiam fazer isso com uma criança, imaginem o que eles fariam com um escravo adulto.


b459fa11.jpgA lenda não termina por aí. A crença em sua figura inocente é tão grande que ele foi elegido o ajudante que as pessoas recorrem quando perdem algo. Segundo a lenda “Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo:"Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.” (Só história, 2017 p.1)


Ele não somente guia a pessoa até o objeto perdido, mas também “O Negrinho do Pastoreio é considerado, por aqueles que acreditam na lenda, como o protetor das pessoas que perdem algo.” (Portal de pesquisas, 2014 p.1) Portanto, sempre que alguém não consegue encontrar algum objeto que perdeu, logo recorre ao negrinho do pastoreio e como diz a lenda: Se ele não encontrar, ninguém mais consegue encontrar.


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


Para saber mais:

___Lenda do Negrinho do Pastoreio. Sua pesquisa.com, Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais, 2017. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/negrinho_pastoreio.htm

Acesso em: 30/03/2017

___Negrinho do Pastoreio, Só História. Disponível em: http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/negrinho/

Acesso em: 30/03/2017


Bibliografia Indicada: Livros

Negrinho do Pastoreio
Autor: Carvalho, Hedy
Editora: Martins Livreiro
Temas: Folclore, Cultura Popular, Lendas Brasileiras

O Negrinho do Pastoreio
Autor: Jaeger, Clarice
Editora: Shinseken Brasil
Temas: Folclore, Cultura Popular, Lendas

O Negrinho do Pastoreio
Autor: Rosa, Rodrigo
Editora: Zero Hora Editora
Temas: Folclore, Cultura Popular, Lendas


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