Livro Guerreiro das Sombras

Imagem: Foto do lançamento do livro 

A CAÇADA
Em algum lugar nas montanhas perto de uma floresta em 10.000 a.C.
Jacó escondido precariamente em um dos poucos arbustos que conseguiu encontrar, não tirava os olhos da fera acuada a sua frente. Um grande exemplar de tigre dente de sabre, lutava com todas as suas forças para escapar dos caçadores que estavam em seu encalço, perseguindo-o a pelo menos duas horas. Mesmo com o enorme medo que sentia do felino, Jacó cobiçava e precisava de sua carne para se alimentar e de sua pele para se abrigar no frio do inverno que estava próximo.
O grande felino continuava a rosnar e sacudindo a cauda em tom de desafio, não tirava os olhos do grupo de caçadores a sua frente. Era tudo questão de tempo para o confronto terminar, mas ninguém se entregaria sem lutar, o tigre e nem os humanos. Após alguns instantes de espera que pareceram horas, Jacó reunindo todas as forças que lhe restavam e sua coragem surpreendente, pulou de seu esconderijo com sua machadinha de pedra afiada levantada e desferiu um golpe certeiro no crânio do animal.
Este ato de Jacó foi tão surpreendente que os outros caçadores ficaram parados, petrificados, acreditando que o felino mataria Jacó, mas após toda poeira da batalha baixar, Jacó jazia ao lado do felino morto, pronto para tirar sua pele e exibi-lo a sua tribo, mostrando sua coragem e determinação na frente de seu clã.
Após um instante de estupefação, os outros caçadores deixaram seus precários esconderijos e saíram em disparada gritando, amaldiçoando o felino que os fizera perder o dia inteiro em seu encalço e toda sua carne mal daria para alimentar todos na tribo. Mas estavam felizes, não era todos os dias que conseguiam matar algum animal, muito menos um que não somente trazia carne, mas também sua pele cobiçada para fazer roupas ou simplesmente estender em suas tendas.
As garras afiadas do felino, também serviam para confeccionarem outras armas que ajudaram os humanos nas caçadas e abates de animais ferozes da floresta, que começava timidamente a desabrochar em todos os lugares, mas ainda havia muitas terras congeladas, afinal, estavam saindo aos poucos da última era glacial e as coisas ainda não estavam fáceis para a sobrevivência de sua tribo.
Os caçadores mais fortes foram os primeiros a chegarem, todos empunhavam suas machadinhas de caça, elevando-as a cima de suas cabeças, rodando-as, gritando, comemorando o grande feito do membro de sua tribo, que havia demonstrado que não era mais menino, tinha se transformado em um homem de verdade.

- urrala, gritou o primeiro ao chegar junto de Jacó.

- Uuurrrr, outro completou. Alguns chegavam e davam leves tapas nas costas e
cabeça de Jacó, cumprimentado-o pelo seu feito maravilhoso, afinal Jacó vencera um dos animais mais ferozes, temido e ágil da natureza. O cansaço que sentiam por horas intermináveis de perseguição ao animal, até o confronto final, milagrosamente tinham sumido, e todos não paravam de dançar, gritar e cantar. Estavam felizes e eufóricos com o resultado de sua caçada.

Ao todo eram oito caçadores que estavam gritando, comemorando o feito de um dos menores membros de sua tribo, nem por isso era menos guerreiro e caçador. Jacó tinha demonstrando muito de sua coragem em batalhas e caçadas anterior, ganhando respeito e admiração por todos de sua tribo e claro, um pouco de inveja também, afinal, todos queriam ser guerreiros corajosos, ótimos caçadores. Jacó compensa sua frágil estrutura corpórea com uma incrível coragem.
Quando os caçadores acalmaram um pouco e sua adrenalina começou a baixar, viram que havia algo errado, Jacó continuava na mesma posição. Só então perceberam a careta de dor que Jacó demonstrava e puderam ver uma das garras do felino enterrada em suas costas, em um último sinal de resistência do animal. A princípio não sabiam o que fazer, teriam que buscar o xamã, mas estavam muito longe do local de seu acampamento e começava anoitecer. Não haveria tempo, tinham que levar Jacó e o felino o quanto antes para seu acampamento, antes de anoitecer completamente.
Ficaram por algum tempo pensando como tirar a garra do animal de Jacó, sem aumentar seu ferimento. Aníbal um dos jovens mais forte do grupo de caçadores, pegou sua machadinha e desferiu um fortíssimo golpe cortando a pata do animal.
Ao ver o que Aníbal estava fazendo vários gritaram achando que ele tinha matado Jacó, somente para se livrar dele e poder carregar o animal, mas após verificarem novamente, viram que o golpe desferido por Aníbal, desprendeu a garra que estava cravada nas costas de Jacó, deixando a mostra, todo o estrago que somente uma garra do tigre poderia fazer. Jacó jazia ao lado do animal morto, inconsciente.
Rapidamente trataram de tirar a pele do animal, cortaram sua carne em vários pedaços para poderem carregar, dividiram o peso e levantando Jacó, todos tomaram rumo em direção ao acampamento, afinal, estava noite e precisavam chegar antes de esfriar mais. No fim da era do gelo, não era muito bom ficar nas noites escuras e frias sem estarem abrigados ou com pelo menos com uma fogueira para se aquecerem, poderiam morrer congelados...Autor em Título da fonte

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