MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR

                                                                              Imagem: w.w.w.leianoticia.com.br

O mês de Abril no Brasil vem sendo utilizado para conscientizar todos os trabalhadores sobre os acidentes de trabalho, doenças laborais e lembrar as milhares de vítimas que todos os anos sofrem os mais diversos acidentes de trabalho ou são acometidas pelas mais variadas doenças laborais, em função de suas extensas e extenuantes rotinas de trabalho, maquinário antiquados, falta de equipamentos de segurança e de conscientização.

O programa “Abril Verde” que teve início em Curitiba PR já é realidade e em muitas cidades brasileiras é Lei municipal. Esse programa procura conscientizar a todos, mostrando os riscos e perigos encontrados nos mais diversos ambientes laborais, suas causas, consequências e como fazer para não ser mais uma vítima, engordando as estatísticas, sobre acidentes e doenças laborais. Esse movimento se envolve durante todo o mês de abril, com palestras, passeatas e também campanhas para chamar atenção de todos sobre a segurança no trabalho.

Tudo começou com um acidente de trabalho. Segundo o site do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e Região, “O 28 de abril surgiu no Canadá. A data foi escolhida em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, no ano de 1969. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde 2003, consagra este dia à reflexão sobre a segurança e saúde no trabalho.” Ou seja, houve uma tragédia para que as outras tragédias, fossem lembradas.

Apesar do esforço dos inúmeros prevencionistas espalhados pelo mundo, os números das vítimas de acidentes e doenças laborais, são altos, muito altos. Segundo SMSJR (2017) “Segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), divulgados em 2013, 2 milhões de pessoas morrem por ano por conta de doenças ocupacionais no mundo. Já o número de acidentes de trabalho fatais ao ano chegam a 321 mil. Neste panorama, a cada 15 segundos, um trabalhador morre por conta de uma doença relacionada ao trabalho.” É uma carnificina dentro do ambiente de trabalho e ninguém deveria morrer em função de sua profissão.

Atualmente “No Brasil, são quase 4 mil mortes anualmente em decorrência de acidentes de trabalho. Esses são números de guerra. De uma guerra contra os trabalhadores, fruto da ganância dos patrões e do descaso dos governos capitalistas.” (SMSJR, 2017) E põem guerra nisso! O prevencionista é visto nas empresas como um mal necessário, somente sendo contratado pela exigência da legislação, mas são poucas empresas que realmente fazem a prevenção, contando com a segurança em seu local de trabalho.

A grande maioria faz para evitar multas, mas não deixam os prevencionistas treinarem, , capacitarem os trabalhadores de suas empresas. A maioria trabalha de forma inadequada, com pouco ou nenhum equipamento de segurança, sem falar na completa ausência de informação. Quem faz a prevenção de forma adequada, colhe os frutos, mas quem não faz, além de perder dinheiro, perde profissionais capacitados em sua empresa e as famílias, perdem um pai, uma mãe, um irmão, uma irmã, um filho ou uma filha.

Para termo uma ideia do que acontece no Brasil com os trabalhadores, pegamos somente algumas estatísticas do setor metalúrgico e segundo esse relatório “Nas fábricas metalúrgicas da região, o quadro também é alarmante. Nos últimos anos, três metalúrgicos morreram vítimas de acidentes no trabalho.” (SMSJR, 2017) Ele é parcial, mostra somente a região de São José, mas já conseguimos ter uma ideia aproximada do que acontece no Brasil.

Segundo esse relatório “Em 2009, o trabalhador da GM Aparecido Constantino, 42 anos, morreu após ter sido atingido por uma máquina de 700 kg, na área da Estamparia. Era sábado e Constantino também fazia hora extra sozinho.” Portanto, um acidente fatal que poderia ter sido evitado. Segundo o mesmo relatório, “Dois anos depois, a vítima fatal foi da Embraer. O monitor de montagem elétrica Vinícius Machado Mendes, 29 anos, teve o corpo esmagado por portas do hangar do setor F-220.” Outro acidente fatal e não para por aí. “No ano de 2012, mais uma morte na GM. O operador Antonio (sic) Teodoro Pereira Filho, 59 anos, morreu prensado por dois equipamentos. O acidente ocorreu num sábado, durante hora extra, evidenciando os riscos da superexploração sobre os trabalhadores.” (SMSJR, 2017)

Apesar dos números de acidentes de trabalho serem absurdos, ainda não retratam toda a extensão do problema. Nessas estatísticas oficiais não relatam os trabalhadores acidentados ou doentes que não tem registro em carteira de trabalho. Trabalhadores terceirizados que as empresas maquiam as doenças e acidentes de trabalho e não relatam o ocorrido, muitos dos quais nem sabem que foram vítimas de um acidente ou doença do trabalho.

Sempre o problema da pressão sobre o trabalhador, precisam de resultados positivos para manter seus empregos e a empresa em busca de lucros cada vez maior, preocupando-se cada dia menos com os trabalhadores. Ministério do Trabalho e Emprego procurando desculpas para não fiscalizar e os trabalhadores ficam com suas vidas e integridade física, no fogo cruzado e sempre sobra para eles.

Hoje é o dia que lembra as vítimas de doenças e acidentes de trabalho, um dia lembrado internacionalmente, mas se perguntar para as pessoas que não fazem parte da área prevencionista, ninguém sabe sobre ele. A iniciativa canadense foi ótima, mas precisa ser mantida, esse dia divulgado e utilizado para conscientizar os trabalhadores sobre os perigos dos ambientes laborais, caso contrário, a carnificina vai aumentar. Por isso fazemos coro com o apelo do sindicato dos metalúrgicos que diz:

Todos os anos os números de acidentes e doenças crescem e fazem novas vítimas. É preciso lutar contra esse quadro, que é fruto da exploração a que os trabalhadores são submetidos e pela omissão do governo federal.
Só a organização e mobilização dos trabalhadores podem enfrentar esta realidade. Basta de mortes e acidentes! Lutar por saúde e segurança no trabalho, em defesa dos direitos e contra a exploração.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José e RegiãoAutor em Título da fonte

Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/

Para saber mais:

Lembrar para não esquecer. Lutar para prevenir! Sindicato dos metalúrgicos de São José e Região, 2017. 

Disponível em: http://www.sindmetalsjc.org.br/lutas/63/28+de+abril+-dia+mundial+em+memoria+as+vitimas+de+acidentes+e+doencas+do+trabalho.htm 

Acesso em: 28/04/2017