O Dilema Entre Liberdade e Compaixão: Lições do Pequeno Rei

Marcelo Magoga é Terapeuta
Atenção este texto contém pítacos :)
Este episódio em que uma mãe pediu a outra passageira que trocasse de assento no avião para que ela pudesse acomodar o filho dela na janela, pois ele mandava nela…, ou melhor, ele queria apenas, e a mesma recusou, com direito e com elegância, mas gerou um debate, na web, que levanta reflexões importantes sobre empatia, direitos, compaixão, expectativas sociais e a birra do pequeno rei.
A mãe criticou a decisão legítima da passageira e tentou humilhá-la, a rotulando como insensível, em um vídeo gravado por ela mesma, e foi dito pela passageira que os adjetivos continuaram até o desembarque.
É importante compreender que a compaixão deve coexistir com a liberdade de escolha e o respeito pelas decisões individuais. A mulher que recusou a troca pagou por seu assento, considerando conforto e necessidades pessoais e está tudo certo. Foi uma decisão legítima e esse assunto destaca como a sociedade muitas vezes espera que as pessoas, em especial as mulheres, sacrifiquem seus direitos em nome da "gentileza" ou de demandas alheias.
Observo que o comportamento da mãe, pode ser visto como inadequado, reflete suas frustrações projetadas em uma situação que, embora emocional, exigia uma abordagem racional. O "pequeno rei", como a criança, neste caso, é inserido em um contexto onde os adultos, pais ou responsáveis, devem modelar equilíbrio e responsabilidade.
“A verdadeira compaixão não consiste apenas em partilhar o sofrimento do outro, mas também em ajudar a aliviar sua carga, respeitando sua individualidade e liberdade." — Epicteto
Ensinar a aceitar limites e lidar com decepções é tão importante quanto suprir desejos momentâneos, desde cedo entender que o mundo não existe para satisfazer seus desejos a qualquer custo.
Mas quero pontuar minha visão, a síndrome do pequeno rei que pode ser pertinente a esse caso ou não, pois temos apenas um recorte de uma situação e então tentar fazer uma análise é um equívoco e traz uma outra reflexão: a patologização da sociedade, mas não, nesse caso a possível permissividade da mãe dessa criança, birrenta, reforça e valida as atitudes da criança, destacando ainda mais isso e muito provavelmente é apenas um comportamento infantil, comum da idade, que poderia ser orientado por essa mãe de modo mais simples e racional.
Em situações como essa, para lidar com a birra da criança, se deve equilibrar firmeza e acolhimento, transmitindo segurança e ensinando sobre limites e autocontrole. Fique à altura da criança, olhando para seus olhos, tom de voz firme, sem ser alto. Dicas:
Calma: as crianças frequentemente intensificam o comportamento quando percebem reações negativas, então demonstrar controle emocional, manter a calma, ajuda a modelar o comportamento esperado.
Sentimentos: valide, reconheça, o que a criança sente sem ceder à birra, por exemplo, diga: "Eu sei que você está frustrado(a), mas gritar não vai resolver, vamos conversar." Olhando nos olhos, procurando estar fisicamente colocado(a) a altura da criança, voz firme, sem ser alta, ouvindo ativamente o que a criança diz.
Alternativas: explique de maneira clara o que pode ser feito, diga que há outras alternativas para se resolver a questão, um exemplo: "Você não pode ter isso agora, mas podemos escolher outra coisa juntos."
Ensine autorregulação: mostre como expressar sentimentos de maneira adequada, antes de ficar quieto(a). Frases como "Quando estiver calmo, podemos conversar" ajudam no aprendizado emocional.
Consistente: se a birra busca manipular, você não deve ceder, tenha consistência. Quando a criança perceber que o comportamento não traz o resultado desejado, tende a repensá-lo. A conversa não está resolvendo, então aquiete-se, sentado(a) ao lado ou em pé, sem ar de reprovação, apenas explorando a quietude.
Elogie comportamentos positivos: reforçar atitudes construtivas para encorajar a criança a adotá-las no futuro. Estabeleça uma rotina de diálogos, antes mesmo de ir a algum compromisso que possa acontecer algo como isso, explique sobre seus comportamentos positivos reforçando, com sutileza, sem exagerar, o quanto isso impacta positivamente o ambiente.
Estabeleça limites claros: explique as regras e as consequências de maneira previsível e justa, de forma que a criança saiba o que esperar.
Lembre-se de que a birra é uma forma de comunicação, quando tratadas com paciência e estratégia, podem se tornar oportunidades valiosas para ensinar habilidades emocionais importantes, formando uma pessoa mais segura e confiante de si, sem perder a humildade.
Num avião, ônibus, trem etc., onde o espaço é limitado e as interações se tornam intensamente próximas, e certamente o maior aprendizado esteja em buscar soluções respeitosas e sem julgar a escolha do outro com aspereza e falta de humanidade. Afinal, compaixão também é reconhecer a perspectiva do outro, mesmo que ela não satisfaça nossas expectativas pessoais
Esse fato evidencia um tema universal: o equilíbrio entre cuidar das necessidades alheias sem negligenciar os próprios direitos e que filhos não vem com manual!
Créditos da ilustração: site Pexels.
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Comentários
Bill Stankiewicz
há 11 meses#1
BRAVO Marcelo on article.
Best Regards,
Professor Bill Stankiewicz
Savannah Technical College
Subject Matter Expert International Logistics
Member of Câmara Internacional da Indústria de Transportes - CIT at The International Transportation Industry Chamber
cc Dr. Dr. Marcelo Felippes Drew Thomas,