Paixões, politicas e o trabalho

"Nada mais cretino e cretinizante do que a paixão politica. É a única paixão sem grandeza, é a única que é capaz de imbecilizar o homem." (Nelson Rodriguês)

   O que dizer de uma médica pediátrica que se recusa atender a um paciênte somente por que a mãe vota no Partido dos Trabalhadores (PT)? O que dizer a um profissional que deixa as escolhas e opiniões de seus paciêntes influenciar em como serão tratados por ele, e se serão tratados? Não há muito o que dizer... A não ser que essa médica esqueceu de tudo que estudou e jurou, esqueceu-se da moral e ética que deve acompanhar todos os profissionais, esqueceu-se do ser humano, esqueceu-se de si mesma!

   Esqueceu-se que uma vida é mais importante, não importando a decisão pessoal que tomamos, que na maioria das vezes é movida por orgulho e preconceitos. Também esqueceu-se que seus paciêntes são crianças que vivem em um mundo onde não há politicas, ideologias, preconceitos ou qualquer outro rótulo idealizado pela sociedade, a não ser, a sua inocência.

   Como a mãe vai explicar para a criança que está com dor, passando mal, e tenha depositado toda sua confiança na  médica que viu em sua frente, mas essa some e se recusa atendê-la porque não concorda com as escolhas pessoas da mãe de sua pequena e inocênte paciênte?  Com toda certeza a criança em sua inocência não conseguirá entender porque foi rejeitada pela profissional que era sua esperança de cura, talves a única!

   No juramento de Hipocrátes (460 a.C.- 370 a.C.) está descrito claramente "A vida que professar será para beneficios dos doentes e para seu próprio bem, nunca para prejuízo deles com malévolo propósito."  Mas parece que o profissional se deixou levar por suas opiniões e ideologias, tão profundamente que acabou por atrapalhar seu local de trabalho ou pode ter havido influência exterior. 

   O sindicato que a profissional é filiada lançou uma nota dizendo "Se não vai ser prazeiroso para ti atender aquela pessoa, tu deves dizer para ela." A orientação não é parecido com o juramento de Hipocrátes! Não sei o que é pior: A profissional se negar atender uma criança ou a orientação de seu sindicato! Ambos foram péssimos em sua escolhas e declarações.

   Somente uma coisa fica patente perante todos,  ambas as ações são absurdas e não condiz com o tratamento que um ser humano deve receber, ainda mais esse ser humano sendo uma pequena e inocênte criança, que somente quer alivio para sua dor e nada mais importa. Quando preferências, ideologias, ufanismos, preconceitos e outros absurdos interferem no ambiente de trabalho, utilizando desses argumentos para escolher quem será atendido, quem vive ou morre, quem será promovido ou quem nunca sairá de seu cargo atual, precisamos parar e repensar, algo está muito errado conosco.

  Já faz muito tempo que o ser humano vem perdendo sua sensibilidade. Cada dia somos mais cobrados em busca de aumento da produtividade, resultados positivos, não importando a área que atuamos; todos estamos trabalhando sob pressão. Mas há um limite, pois quando os interesses pessoais das empresas e profissionais ultrapassam a ética e a moral, deixando o ser humano e a vida humana em segundo plano, concentrando-se somente no lucro de sua empresa ou no bem-estar pessoal, começamos a trilhar o caminho fácil para a bestialidade.

   Infelizmente esse episódio veridico da médica que recusou atender sua pequena paciênte é somente um dos muitos que acontecem diariamente dentro do ambiente de trabalho ao redor do mundo, e em sua maioria, ninguém fica sabendo. É o chefe que promove sua amante, seus amigos, parentes e vizinhos, sem ao menos eles terem o conhecimento e acompetência nescessária para assumir seus elevados postos de trabalho e deixando de fora profissionais mais capacitados e competêntes.

   Outros promovem somente os funcionários que compactuam com seu ponto de vista, não aceitam ser contrariados, e os que não "enxergam" da mesma forma  e apontam seus erros, caem em desgraça e nunca são promovidos. Também existem os cargos "negociados" utilizando tráfico de influência para abrir portas, e com muito beneficíos futuro. Se for amigo de "alguém influênte" será prontamente atendido, estará empregado, caso contrário, seu curriculum não terá o menor efeito.

   Fica pior ainda se não torcer para o mesmo time, não votar no mesmo partido, não gostar das mesmas coisas, nunca vai conseguir crescer nessa empresa. O ser humano vive de paixões e durante sua vida vive uma multidão de variações delas, mas isso não pode afetar o seu ambiente de trabalho e ditar as regras do que será feito ou para quem será feito. Não podemos conviver somente com o que gostamos e fazer somente o que nos deixa confortável e feliz.

   Sempre devemos lembrar de nossos juramentos, promessas que fizermos e não colocar o lucro, a ambição, a riqueza, a ganância, o supérfluo a frente do ser humano, da vida humana. Não podemos e não devemos deixar as nossas paixões interferirem  em nossas decisões, em nosso ambiente de trabalho.      

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