Sergio Weinfuter

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ROSA PARKS – O ESTOPIM DE UMA REVOLUÇÃO

ROSA PARKS – O ESTOPIM DE UMA REVOLUÇÃO



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                                                            Imagem:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Parks



       “Cada pessoa deve viver sua vida como um modelo para as outras.”



Foi exatamente isso que ela fez, viveu sua vida como um modelo para as outras pessoas, que nunca esqueceriam o que ela fez, pelos demais. Vivendo na época da segregação nos Estados Unidos, ela simplesmente não se conformou com a situação e bateu literalmente seu pé contra ela.


Tudo aconteceu “No dia 1 de dezembro de 1955, uma mulher negra sentada em um banco de ônibus recusou-se a ceder seu lugar a um branco em um ônibus nos Estados Unidos.” (Castro, 2017) Nunca alguém tinha feito tamanha afronta aos brancos folgados que não sabiam respeitar uma mulher sentada, pois ela sendo negra, tinha que ceder seu lugar para eles sentarem, segundo a lei.


b478b64d.jpgPor incrível que parece, essa era a lei que vigorava nos Estados Unidos, nos anos 50. Porém seu ato heroico não passou impune, mas foi o impulso para o ínicio de uma enorme revolução. “Três dias depois dela ser presa e liberada, um grande boicote aos ônibus segregados da sua cidade começou. Milhares de negros começaram a se recusar a tomar ônibus e começaram simplesmente a andar a pé até o trabalho.” (Castro, 2017) Com seu gesto e por fim, com a sua punição, foi lançado fogo no estopim de uma verdadeira bomba e os negros que começaram provocando esse episódio, nunca mais ficariam calados, ante a arrogância do homem branco. As empresas de ônibus, por mais que detestasse os negros, precisavam do dinheiro deles, mas esses por sua vez, reconhecendo pela primeira vez sua força, lançaram um dos maiores boicotes as empresas de transporte público, que se tem notícia nos Estados Unidos.


Os negros fartos de serem menosprezados pelos brancos, segregados e seus próprios bairros, marginalizados por todos, davam um basta a esse absurdo. Rosa Parks sendo o instrumento que impulsionou a revolta com o seu gesto de recusa, logo ganharia aliados em toda sua comunidade e fora dela. Todos os negros se uniram e em uma resposta jamais vista até então, deixaram de entrar nos ônibus, indo para os seus trabalhos de carona ou a pé, mas não entraram nos malditos ônibus.


Logo em seguida “A liderança desse movimento, acabou sendo assumida por grandes ativistas dos direitos dos negros como os reverendos Ralph Abernathy e Martin Luther King. Depois de 381 dias, a Suprema Corte americana julgou inconstitucional a segregação racial em transportes públicos.” (Castro, 2017) Mas até isso acontecer, houve muito derramamento de sangue e não foi da noite para o dia que a ordem foi restaurada.


Porém o simbolismo de “Uma mulher negra sentada no fundo de um ônibus que tinha tudo a perder, um dia cansou de sofrer injustiças e simplesmente lutou pelo que é certo. Ficando sentada no lugar que queria. Foi o começo do fim da segregação racial nos Estados Unidos.” (Castro, 2017)


Mas quem era essa corajosa mulher, que poderia ter perdido a vida, simplesmente por não querer se curvar ante uma lei estúpida, uma lei que nunca poderia ter existido? Seu nome completo é Rosa Louise McCauley, mais conhecida por Rosa Parks (Tuskegee, 4 de fevereiro de 1913 – Detroit, 24 de outubro de 2005), foi uma costureira negra norte-americana, símbolo do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. (Wikipédia, 2017) Foi ela com seu heroico ato que mostrou a todos o inconformismo do povo negro, com a segregação de sua raça.


f600291f.jpgEla “Ficou famosa, em 1º de dezembro de 1955, por ter-se recusado frontalmente a ceder o seu lugar no ônibus a um branco, tornando-se o estopim do movimento que foi denominado boicote aos ônibus de Montgomery e posteriormente viria a marcar o início da luta antissegregacionista.” (Wikipédia, 2017) Antes disso, era uma pessoa normal da comunidade negra, com sua profissão de costureira, ninguém imaginava que ela seria o estopim de uma grande revolução.


“Parks nasceu em Tuskegee, no estado do Alabama, no Sul dos Estados Unidos. Rosa era filha de James e Leona McCauley, e cresceu em uma fazenda. Devido a problemas de saúde na família, foi obrigada a interromper os seus estudos e começou a trabalhar como costureira.” Mas logo não estaria mais vivendo com eles por muito tempo e “Quando seus pais se separaram ela se mudou para a cidade de Montgomery.” (Wikipédia, 2017)


Na nova cidade continuou exercendo sua profissão e “Em 1932 casou-se com Raymond Parks, membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), uma organização que luta pelos direitos civis dos negros, da qual Rosa se tornou militante.” (Wikipédia, 2017) Com o apoio da organização, logo ela elevaria o padrão da luta segregacionista no sul dos Estados Unidos, local de extremo racismo contra a raça negra, a mesma raça que foi por eles escravizadas e ajudou a desenvolver a agricultura da região.


Em virtude desse racismo desenfreado “Desde 1900, o transporte público na cidade de Montgomery, no Alabama, era legalmente segregado por raça (muitos estados sulistas também tinham leis similares). A comunidade negra sempre reclamou do sistema afirmando que era injusto, mas cortes estaduais sempre apoiavam a segregação.” (Wikipédia, 2017) Para eles não havia representação e os negros que reclamassem com mais veemência, eram logo lançados na prisão.


O fato emblemático, símbolo e estopim da revolução, aconteceu “Ao anoitecer do dia 1 de dezembro de 1955, Parks entrou em um ônibus na avenida Cleveland, no centro da cidade de Montgomery. Ela pagou a passagem e se sentou na primeira fileira de assentos reservados para negros no veículo.” Tranquilamente “O motorista, James F. Blake, seguiu viagem em sua rota tradicional. O ônibus ia enchendo até que na terceira parada, em frente ao teatro Empire, vários passageiros entraram.” (Wikipédia, 2017)


Porém com o ônibus cheio o motorista “Blake notou que umas duas ou três pessoas brancas estavam em pé. Para resolver o problema ele mudou o sinal de "colored" ("pessoa de cor", termo usado nos Estados Unidos para se referir a afro-americanos) para atrás da fileira onde Parks estava.” (Wikipédia, 2017) Mesmo que os passageiros já estivessem sentados a muito tempo no ônibus, teriam que sair e dar lugar aos brancos, segundo a lei segregacionista americana do estado do Alabama.


f4665010.jpgCom o sinal mudado para as fileiras mais atrás, “Ele exigiu que os passageiros negros sentados levantassem para que os brancos pudessem sentar. Enquanto os outros três negros levantaram, Rosa se recusou.” (Wikipédia, 2017) Corajosamente continuou sentada em seu banco, sem se curvar a lei que estava em vigor, uma lei estúpida, lei racista, uma lei vergonhosa. Mas nem uma lei tiraria Parks de seu lugar no assento do ônibus. “O homem chamou então a polícia e mandou prender Rosa Parks. Quando o policial chegou, ela perguntou: "Por que vocês mexem com a gente assim?" Ele respondeu: "Eu não sei, mas lei é lei e você está presa." (Wikipédia, 2017) Simples assim, presa sem maiores explicações, até porque não havia explicação alguma.


Interrogada “Anos depois, em uma entrevista, ela recordou: "meu corpo foi tomado por uma determinação, como uma colcha numa noite de frio". Parks se moveu, mais para o assento da janela. Blake, o motorista, perguntou para ela: "Por que (sic) você não se levanta?" Ela respondeu que "Eu não deveria ter que me levantar".” (Wikipédia, 2017) Em um mundo normal, jamais deveriam tratar uma mulher com tamanha crueldade, não importando sua raça, credo ou cor, todas deveriam se sentar onde bem entendessem e viajar até seu destino, sem maiores problemas.


8be27588.jpgMas, em nosso mundo e com as leis absurdas que imperaram e algumas que ainda continuam em vigor, casos como esse passam para a posteridade, como sendo mais uma página vergonhosa da história humana. Na sequência, após ser presa “Parks foi acusada de violar o capítulo 6, seção 11 da lei de segregação do código da cidade de Montgomery, apesar dela tecnicamente não ter sentado em um assento reservado para brancos. Edgar Nixon, presidente da sede local do NAACP, e seu amigo Clifford Durr pagaram a fiança de Parks e ela deixou a cadeia no dia seguinte.” (Wikipédia, 2017) Um tremendo absurdo de uma lei que somente queria prejudicar a raça negra, em detrimento do conforto da raça branca.


Apesar de sua libertação o país não estava preparado para o que aconteceria logo em seguida, tomando as rédeas “Nixon, Jo Ann Robinson e outros ativistas de direitos civis decidiram usar o caso de Parks para chamar atenção do público para a causa de encerrar a segregação racial nos Estados Unidos.” (Wikipédia, 2017) Dessa forma a sorte estava lançada, ganhando ou perdendo, vivendo ou morrendo, os negros agora lutavam pelo fim da segregação. Logo todo o país saberia a força e determinação que existe na nação negra e “Três dias depois do evento, a 4 de dezembro, foi convocado um boicote aos ônibus de Montgomery. Nos eventos que se seguiram, alguns líderes religiosos e ativistas se destacaram, como os reverendos Ralph Abernathy e Martin Luther King, Jr.” (Wikipédia, 2017)


Isso não era pouco para as empresas de transporte público, que dependiam do dinheiro dos negros, esses mesmos que elas segregavam, apoiadas pela estúpida lei, que os queriam relegar a segundo plano. Porém agora não funcionaria e “Os mais de 40 mil usuários negros de ônibus da cidade e arredores prosseguiram com o boicote por 381 dias.” Isso não era bom para os negócios e as empresas de ônibus começaram a ficar desesperadas, chegando o caso até as autoridades da capital americana. “Em 1956, a Suprema Corte americana julgou inconstitucional a segregação racial em transportes públicos.” (Wikipédia, 2017)


96310d27.jpgCom o fim da vergonhosa lei de segregação racial nos transportes públicos “Rosa Parks se tornou então um ícone do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos mas isso não foi necessariamente bom para ela no curto prazo.” (Wikipédia, 2017) Pois mesmo com lei revogada, não seria fácil para os negros viverem com a elite branca, que não abriria mão de seus privilégios tão facilmente.


Como a lei segregacionista não estava mais em vigor, os brancos inconformados faziam tudo para dificultar a vida dos negros. Também Parks era atingida com essas sanções, mesmo sendo conhecida em todo o país. As “Sanções eram feitas contra os ativistas dos direitos civis e ela teve dificuldade em conseguir emprego e ainda teve de enfrentar a animosidade da cidade. Sofrendo ameaças de morte por parte de grupos de supremacia branca, ela se mudou para Hampton, Virgínia.” (Wikipédia, 2017) Não se conformavam com o recém-adquirido direito da raça negra e partiram para a ameaça, em muitos casos passando de uma simples ameaça, partiam para a agressão física, algumas delas resultando em mortes, quase sempre, dos negros.


Com medo dessas ameaças “Ela se mudou novamente não muito mais tarde para Detroit. Apesar desta cidade ser mais progressista que as do sul, Rosa ainda teve que lidar com racismo e segregação.” Nem nessa nova cidade ela estava completamente segura, ainda a julgavam e tratavam com base em sua cor. “Ela recebeu apoio e manteve contato com lideranças dos movimentos civis, como o congressista John Conyers e o reverendo Martin Luther King. Ela continuou, nos anos 60, como uma ativista dos direitos dos negros e participou de diversas iniciativas e marchas pela igualdade.” (Wikipédia, 2017)


94fa5de6.jpgApesar de todos os preconceitos e dificuldades impostos pelos brancos, Parks continuava a sua luta que havia começado em um banco de ônibus. Ela em vida ainda teve alguns pequenos confortos, pequenos mimos que somente uma grande figura igual a ela, poderia receber, mas não antes de ter que lutar novamente. “Em 1992 ela publicou sua autobiografia, Rosa Parks: My Story. Viúva e com enormes dificuldades financeiras, em 2002, ela foi despejada de seu prédio. A igreja batista Hartford Memorial a ajudou e, devido a comoção nacional por sua situação, o banco resolveu perdoar sua dívida e ela viveria de graça no seu prédio pelo resto da vida.” (Wikipédia, 2017) Pouco para quem doou a sua vida por uma causa, por um povo, por sua raça. Mesmo assim a ajuda foi bem vinda e ela viveu dessa forma até o fim.


Viveu como uma lutadora e morreu uma heroína! “Acometida de doenças mentais e saúde muito debilitada, seus últimos dias foram sofridos mas ela sempre lembrava em boa estima os feitos de sua vida.” (Wikipédia, 2017) Um espírito nobre, jamais embrutece e Parks mais uma vez confirmou com sua forma de ver a vida, o seu nobre espírito, que mesmo com seu corpo sofrendo, ela ainda encontrava conforto, ao recordar sua vida e seus feitos, durante sua estadia na terra. “Rosa faleceu em seu apartamento, em Detroit, a 24 de outubro de 2005, de causas naturais. Seu caixão foi velado com honras da Guarda Nacional do estado de Michigan. Autoridades e antigas lideranças dos movimentos civis compareceram ao seu funeral.” (Wikipédia, 2017)


O povo negro americano, muito deve a essa heroína, que dedicou toda a sua vida, lutando pelos seus direitos. Sua mensagem ainda hoje é ouvida, a luta de seu povo continua, mas com o trabalho que ela fez em vida, muitos progressos aconteceram. O racismo ainda continua, mas a segregação e leis sobre ele não existe mais, o povo negro pode andar pelas ruas, sentar onde quiserem e usar banheiros juntos com os brancos. Nunca mais um negro precisou levantar para dar seu lugar para um branco sentar. Isso eles devem a ela.


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


Para saber mais:

CASTRO, Edson. As 7 mulheres maravilhosas que você nunca deve esquecer. Disponível em: http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/7-mulheres-fodas-que-voc%C3%AA-nunca-deve-esquecer/ar-AAnNkBN?ocid=NL_PTBR_A1_OM2-PID84423 Acesso em: 20/03/2014

 ___Rosa Parks. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Parks 

Acesso em: 20/03/2017


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