Sergio Weinfuter

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Sangue o líquido precioso (Parte I) Crenças

Sangue o líquido precioso (Parte I) Crenças


60137f7d.jpg                                                                           Imagem: Mistério do sangue/Imagick



Vampiros, insetos, lampreias, sanguessugas, ladrões, todos querem sangue, todos estão atrás do líquido precioso que corre constantemente em nossas veias. Desde tempos imemoriais esse líquido vem despertando interesse ou repulsa, muitos o querem, outros o abominam, amam e o odeiam, mas seja como for, ninguém consegue viver sem ele, seja homem ou animal.

Há relatos que os romanos já bebiam sangue humano acreditando que ele era um poderoso remédio para diversas doenças. “Conta-se que, na Roma antiga, alguns nobres bebiam o sangue de gladiadores mortos na arena, a fim de obterem a cura de diversos males, entre eles a epilepsia.”(Miranda, 2016) O sangue era um purificador das doenças do corpo para eles.

Até a filosofia não ficou sem uma dose de sangue humano em sua composição, quando “Defendendo a sangria na cura de qualquer doença, o médico grego Cláudio Galeno, reportando-se à teoria de Hipócrates, também concluiu pela existência de quatro humores no corpo humano: o sangue, a bile amarela, a bile negra e a fleuma.” (Miranda, 2016)

Com o passar do tempo o sangue não perdeu sua importância, segundo David Robson da BBC Earth (2015) o sangue era utilizado em larga escala, “Por exemplo, no fim do século 15, o médico do papa Inocêncio 8º teria retirado o sangue de três jovens para dá-lo (ainda morno) ao pontífice, na esperança de que a vitalidade da bebida lhe faria bem. Décadas depois, a substância passou a ser usada no tratamento da epilepsia.” Não havia a repulsa pelo sangue, pelo contrário, acreditavam que ele era um poderoso elixir.

Nessa época “O sangue era um mediador entre o físico e o espiritual", explica Richard Sugg, da Universidade de Durham, no Reino Unido, que recentemente escreveu um livro sobre o uso de cadáveres na medicina e que está trabalhando em um ensaio sobre vampirismo.” (Robson, 2015) Não havia e não enxergavam mal entrar em contato com ele e nem sua utilização na cura de um doente.

Porém com o passar do tempo “Esses tratamentos acabaram caindo em desuso após o Iluminismo, com o estabelecimento do puritanismo que dominou os séculos 18 e 19. Ainda assim, a prática parece ter perdurado para um pequeno grupo de pessoas.” (Robson, 2015) O sangue perdeu muito de sua importância para a medicina, pelo menos da forma que era utilizado até então.

Na era moderna igrejas ainda utilizam o sangue como símbolo de sua crença “A Igreja Católica, bem como a Ortodoxa Oriental, e algumas igrejas anglicanas e luteranas, acreditam que no ritual da Eucaristia, os fiéis consomem, literalmente, o sangue de Jesus. Entretanto, a oração pós-comunhão do Livro de Oração Comum anglicano de 1662, descreve, na verdade, a refeição como "alimento espiritual". (Wikipédia, 2016)

Mudou-se o conceito do consumo do sangue e sua ministração a um paciente, mas continuou sua importância na medicina moderna e na religião, não somente para curar doenças, mas para ajudar a curá-las entrando nessa o procedimento da transfusão de sangue, que nem sempre e bem-aceita e muitos não autorizam o procedimento, seja por medo de contaminação ou por suas crenças.

A lenda de Vlad o empalador foi o estopim para que se espalhasse uma crença em vampiros tomadores de sangue humano, que atacavam os seres humanos para se fartarem com seus sangues. Muitos textos foram escritos sobre eles, mas segundo Cesar Grossmann em seu site http://hypescience.com/O mais famoso deles é Drácula, do romance homônimo de Bram Stoker, mas quem procura por um Drácula “real”, geralmente ouve falar de um certo príncipe romeno, Vlad Tepes (1431-1476), que teria inspirado o escritor.” Esse seria o vampiro real para nós. “Na Romênia, ele é visto como um herói nacional, também chamado de Vlad Dracula (sic) (“filho do dragão”), graças ao seu pai, que era membro da Ordem do Dragão, cavaleiros que protegiam o cristianismo e defendiam o império dos ataques dos turcos (sic) otomanos. (sic)”(Gossmann, 2016).

1687c811.jpgPorém esse “vampiro” na realidade não tomava o sangue de suas vítimas, ele as empalava e deixava para morrer. Com isso as pessoas empaladas eram encontradas sem sangue, o que pode ter originado a lenda do vampiro sugador de sangue humano que atravessou os séculos. “Mas os vampiros que as pessoas estão mais familiarizados são fantasmas – cadáveres humanos que “voltam” da tumba para prejudicar os vivos.” (Gossmann, 2016)

Ainda hoje existem pessoas que gostam de consumir sangue humano em diversas partes do mundo e “Antes da internet, elas viviam isoladas. Mas, agora, conseguiram formar prósperas redes ocultas. Até onde se sabe, a maioria das grandes cidades do mundo tem uma comunidade de vampiros, afirma Williams.” (Robson, 2015) São os vampiros modernos, mas não da forma que foram imortalizado pelos filmes e livros, mas ainda vampiros.

Porém para esses consumidores de sangue moderno, o maior perigo é justamente a ingestão de sangue humano, porque "O sangue, para criaturas que não foram feitas para bebê-lo, é tóxico. Ele é muito rico em ferro, e o organismo tem problemas para se livrar do excesso de ferro. Sendo assim, qualquer um que consumir sangue regularmente está arriscado a desenvolver hemocromatose (overdose de ferro), que por sua vez pode causar muitas doenças e problemas, incluindo danos ao fígado e sistema nervoso."  (Gossmann, 2016)

Esses casos de consumo de sangue humano são exceções. O sangue mais consumido no mundo é o de animal, seja ele cozido ou cru, muitos gostam de consumi-lo, devido suas crenças em seu poder medicinal, afrodísiaco, rituais ou por apreciarem mesmo seu sabor.


Continua...  

Próximo artigo: Sangue o líquido precioso (Parte II) Gastronomia


* Todas as referências que utilizei na composição dessa série de artigos, seus acessos estarão no último artigo que encerrará essa série. 


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


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Comentários

Sergio Weinfuter

há 7 anos #1

Obrigado @Jorge Matias. Vem mais por ai!

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