Sangue o líquido precioso (Parte III) Gastronomia (África, Europa, Américas e Oceania)

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Para os povos nômades africanos o sangue é um alimento precioso e eles bebem ainda quente. “Os Masai da Tanzânia consomem o sangue de gado bovino— que é vertido diretamente do pescoço do animal vivo e a ferida é deixada para sarar — misturado com leite. Em muitas culturas o animal é abatido. Em algumas delas, o sangue é um tabu alimentar.” (Wikipédia, 2016)

Mas essa tribo não faz isso somente porque gostam de consumi-lo, existem outros objetivos também. “Entre os masai, beber sangue de gado bovino é parte da dieta tradicional, particularmente após ocasiões especiais como o ritual da circuncisão ou o nascimento de uma criança.” Se você for fazer um brinde entre os Masai, faça com um copo de sangue e leite a mão!

Além da morcela ou chouriço de sangue (que também é conhecido e consumido no Brasil) há outros alimentos feito à base de sangue. Na Europa também existem muitíssimos pratos que são preparados com sangue e vendidos em diversos restaurantes desses países. “Panquecas de sangue são encontradas na Escandinávia e no Báltico; por exemplo, o sueco blodplättar, o finlandês veriohukainen e o estoniano veripannkoogid.” Mas não há somente alimentos sólidos há também “Sopas de sangue e ensopados, que usam sangue como parte do caldo, incluem czernina, dinuguak ihaejangguk, mykyrokka, tiet canh e svartsoppa. Sangue é também usado como um espessante em molhos, como coq au vin ou pato prensado, e chouriços, como tiết canh. O sangue pode proporcionar sabor ou cor de carne, como na cabidela.” (Wikipédia, 2016)

Outros tipos de consumo de sangue animal também existem mundo afora. Uma de suas variações muito apreciadas é que o “Sangue pode também ser usado como um ingrediente sólido, tanto congelando-o antes do uso, quanto cozinhando-o para acelerar o processo. “(Wikipédia, 2016) Não sei o gosto, mas muita gente gosta de consumir o sangue nesse estado, existindo até receitas para quem quiser consumir o produto dessa forma.

“Na Hungria, muitas famílias abatem um porco pela manhã e o sangue é frito com cebolas e servido no café da manhã. No Reino Unido, Irlanda e alguns países da Commonwealth, black pudding ou blood pudding é uma morcela ou chouriço feito de sangue misturado com cereais, como farinha de aveia.” (Wikipédia, 2016) Alimento muito apreciado pela população local.

Os irlandeses também acreditavam na prática da sangria como cura para doenças, mas não doenças humanas e sim, doenças do gado. “Na Irlanda, há ampla evidência da persistência da prática de sangrar o gado vivo até o século XIX. Isso era considerado uma medida preventiva contra doenças bovinas, e o sangue tirado, quando misturado com manteiga, ervas, aveia ou farinha de trigo, fornece um alimento nutritivo de emergência.” (Wikipédia, 2016)

A sopa de sangue também pode ser um alimento consumido em dias festivos. “Na Suécia, a sopa de sangue svartsoppa, feita com sangue de ganso, é tradicionalmente consumida na véspera de São Martinho, especialmente na região sul da Escânia.” Mas não é somente essa sopa que faz sucesso na região, “Outros pratos populares incluem blodpudding (morcela), blodplättar (panquecas de sangue), blodpalt (bolinhos de batata aromatizados com sangue de rena ou de porco) e paltbröd (pão com sangue, que é seco e fervido, e comido junto com carne de porco frita e molho béchamel ou de cebola). (Wikipédia, 2016)

Está servido? Gostou das receitas? Seguindo nossa viagem encontramos “Na Finlândia, o sangue de porco é usado com leite, farinha e melaço para fazer panquecas "veriohukainen", usualmente servido com geleia de arando vermelho. Mykyrokka é uma sopa de carne e vísceras de animais com pasteis cozidos de sangue e farinha de cevada. (Wikipédia, 2016)

Nem os portugueses escapam do gosto de consumo do sangue como alimento, “Em Portugal, na região ao norte conhecida como Minho, faz-se uma sopa de sangue tradicional chamada sarrabulho, que leva sangue de porco, carne de frango, porco, presunto, salame, limão e pão, e é geralmente polvilhada com cominho, que oferece ao prato seu odor característico. É geralmente servido no inverno, por ser um prato um pouco pesado.” (Wikipédia, 2016)

Mas não é somente isso, “No sul de Portugal, especialmente no Alentejo, faz-se uma preparação semelhante chamada sarapatel, que foi "exportada" para o Brasil e para Goa. Outro prato tradicional português conhecido como cabidela é feito cozinhando frango ou coelho em seu próprio sangue, normalmente diluído em vinagre.” (Wikipédia, 2016)

Ainda há uma versão da morcela que é encontrada “Na Espanha, a salsicha conhecida como morcilla é um tipo de morcela feita principalmente com sangue de porco, especiarias, gordura e, às vezes, vegetais. Na Andaluzia, a sangre encebollada é um guisado popular feito com sangue de porco ou frango solidificado e cebola.” (Wikipédia, 2016)

Antes disso “Na antiga Lacedemon, uma Cidade-Estado grega de Esparta, a sopa negra era comum, uma sopa com carne e sangue de porco.” (Wikipédia, 2016) Quem acreditava que somente a cozinha asiática utilizava sangue na composição de seus alimentos, pode ver com essa viagem que o sangue é muito mais consumido do que pensávamos e nem precisa ser de uma cultura exótica para preparar seus pratos a base dele.

Ainda em pleno século XXI o sangue continua sendo o forte elixir, não somente para combater doenças, conforme vimos na antiguidade, mas também sendo muito apreciado na alimentação humana. Em nosso tempo diversas tribos que vivem isoladas dos demais povos também apreciam o líquido precioso, acreditando que após seu consumo ficam mais fortes. “Um exemplo é o consumo de sangue de foca: "alimentos inuítes geram um forte fluxo de sangue, uma condição considerada saudável e indicativa de um corpo forte." Após o consumo de sangue e carne de foca, pode-se olhar para suas veias do pulso para provar a força que o alimento inuíte fornece.” (Wikipédia, 2016)

Após o consumo de sangue “As veias se expandem e escurecem e, como Kristen Borré observa, "o sangue da pessoa se torna fortificado e melhora na cor e na espessura." Sangue de foca é "visto como um fortificante do sangue humano por repôr (sic) nutrientes esgotados e rejuvenescer o suprimento de sangue, é considerado uma parte necessária da dieta inuíte." (Wikipédia, 2016)

Já “Na região oeste de Santander na Colômbia, um prato chamado pepitoria é feito de arroz cozido em sangue de cabra. Mexicanos de certas regiões comem estômago de cabra recheado com sangue de porco e vegetais como uma iguaria.” (Wikipédia, 2016) Cardápios muito apreciados nestes locais, não somente pelos nativos, mas muitos turistas frequentam hotéis e restaurantes que oferecem essas iguarias.

O brasileiro também gosta de pratos com produtos a base de sangue, além da morcela que foi introduzida pelos imigrantes europeus, “No Brasil, o tradicional prato português conhecido como cabidela também é consumido. Yaguarlocro, no Equador, é uma sopa de batata feita com salpicos de sangue de cabra.” (Wikipédia, 2016) Portanto em todos os continentes há consumo de pratos que em sua base, contém sangue de origem animal em sua composição.

Continua...

Próximo artigo: Sangue o líquido precioso (Parte IV) Simbolismo

* Todas as referências que utilizei na composição dessa série de artigos, seus acessos estarão no último artigo que encerrará esta série. 

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