Sergio Weinfuter

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SEPÉ TIARAJU OU SIMPLESMENTE, SÃO SEPÉ

SEPÉ TIARAJU OU SIMPLESMENTE, SÃO SEPÉ


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Imagem:http://www.portaldasmissoes.com.br/municipios/site/noticias/view/id/100/7-de-fevereiro-de-1756-morre-sepe-tiaraju.html   


Muito cultuado no estado do Rio Grande do Sul, “Sepé Tiaraju (Redução de São Luís Gonzaga, circa 1723 — São Gabriel, 7 de fevereiro de 1756) foi um guerreiro indígena brasileiro, considerado santo popular e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" por lei. Chefe indígena dos Sete Povos das Missões, liderou uma rebelião contra o Tratado de Madri.” (Wikipédia, 2016)



Segundo a lenda “Acredita-se que o nome verdadeiro de Sepé Tiaraju fosse Djekupé A Djú, que significava "Guardião de Cabelo Amarelo". "Guardião" por ele ter escolhido ser guerreiro ao invés de pajé e "cabelo amarelo" porque tinha o cabelo castanho, um pouco mais claro que os demais indígenas.” (Wikipédia, 2016) Portanto seu nome pode ter derivado de sua condição dentro de sua tribo, junto com seu aspecto fisíco, ou seja, ter escolhido ser guerreiro, completando com a cor de seu cabelo.


1a1dd595.jpgA definição de seu nome, “Sepé Tiaraju foi a maneira como os padres das missões entenderam e escreveram seu nome. Sepé era também chamado de Karaí Djekupé ("Senhor Guardião") pelos guaranis e de José, seu nome cristão, pelos brancos.”  (Wikipédia, 2016) Dessa forma Tiaraju ficou conhecido entre os seus, fez amizades com o homem branco e os missionários que os acompanhavam.

Hoje “Muito do que se sabe sobre Sepé Tiaraju veio de índios centenários do Sul do país, que preservam sua história de maneira oral, passando-a de geração para geração."  (Wikipédia, 2016) Assim como fazem a séculos antes da chegada do homem branco em suas terras.

Com as informações colhidas dos anciões de muitas tribos, “Supõem que Sepé Tiaraju nasceu em uma aldeia indígena que foi supostamente atacada por forças espanholas quando ele tinha dois anos de idade, o que o deixou órfão. Os índios guaranis descobriram o menino no local e o levaram para uma aldeia perto de Sete Povos das Missões, onde Sepé foi adotado por um casal.” (Wikipédia, 2016)

Mesmo com todas as pesquisas desenvolvidas para encontrar a tribo de nascimento de Tiaraju, “Segundo o pesquisador indígena Leonardo Werá Tupã, não é possível precisar a tribo de Sepé. Apesar de ter se tornado líder dos guaranis, Sepé era de outra etnia: "Ele foi adotado pelos guaranis e criado como um dos nossos". (Wikipédia, 2016) Finaliza o pesquisador. Dessa forma ele “ganhou” uma nova família e nova tribo.

Adotado pela tribo dos índios Guaranis dentro de sua nova familia, “Seu avô adotivo era um pajé muito poderoso e adorado. Quando Sepé começou a crescer, foi preparado para ser um pajé.” Mas essa não era a verdadeira vocação dele que “[...] acabou se tornando um guerreiro, devido à sensação de revolta que tinha em relação aos homens brancos por eles terem dizimado sua aldeia. Sepé não foi criado pelos jesuítas, mas frequentava as missões, onde aprendeu a falar espanhol.” (Wikipédia, 2016) Gradativamente dessa forma começou a fazer contatos com o homem branco, apesar de seu desprezo por eles.


57a96286.jpgJá crescido, “Segundo Werá Tupã, Sepé foi treinado pelo grande exército guarani, os "kereymba". Outras fontes indicam que ele havia sido alferes do exército espanhol. Sepé era habituado ao convívio com os homens brancos, ao contrário dos demais guerreiros guaranis.” Mesmo não gostando do homem branco, ele “Prezava pelo convívio pacífico entre índios e brancos, uma vez que se preocupava com a jornada espiritual na qual seu avô deveria embarcar.” (Wikipédia, 2016)

Porém “Werá Tupã duvida (sic) que Sepé tenha se convertido ao cristianismo, uma vez que era comum os índios aceitarem ser batizados para não desagradarem aos missionários jesuítas.” Inteligentemente os índios descobriram que não era uma boa ideia, contrariar os missionários que seguiam os conquistadores e “Ainda hoje, os guaranis utilizam essa estratégia com missionários cristãos.” (Wikipédia, 2016)

Com o início da guerra “Sepé liderou os guaranis contra as forças espanholas na chamada Guerra Guaranítica, que durou de 1753 a 1756. Letrado e treinado para o combate, ele exercia grande influência sobre seus comandados.” (Wikipédia, 2016) Portanto, um líder nato de sua tribo, a frente de suas tropas, lutando lado a lado com o homem branco, esse mesmo homem branco, causa de sua tragédia pessoal.


c65ab887.jpgEsse foi um conflito político em que a ambição do homem branco se fez mais uma vez presente. “O conflito teve início com a assinatura do Tratado de Madri por Portugal e Espanha. Ficou acordado que Portugal cederia a Colônia do Sacramento (fundada pelos portugueses onde hoje é o Uruguai) à Espanha em troca da região dos Sete Povos.” (Wikipédia, 2016) Mas com a assinatura de um simples papel, não seria fácil fazer a transição, por um simples motivo: os povos que habitam o lugar.

Depois de assinado, “Para que o acordo fosse concretizado, os povos indígenas — grupo composto por cerca de 30 a 50 mil pessoas — deveriam abandonar o local e seguir para a região controlada pela Espanha.”  (Wikipédia, 2016) Terras habitadas por esses povos desde a época imemorial de seus ancestrais. Não seria simples para os povos indígenas deixarem suas terras, seguindo ordens dos homens brancos para que se mudasse, deixassem suas terras para trás e fossem morar em terras estranhas.


É claro que eles não obedeceriam.“Contrariando as ordens da Companhia de Jesus, os indígenas não aceitaram o tratado e pegaram em armas para defender suas terras, dando início à guerra. Espanhóis e portugueses lutaram lado a lado para expulsar os indígenas das Missões.” E o homem branco tinha uma bela motivação para expulsar os povos indígenas de suas terras, “O interesse luso-brasileiro por esta extensa região deveu-se ao gigantesco rebanho de gado, o maior das Américas, mantido pelos indígenas. (Wikipédia, 2016) Portanto, ganância, pura e simplesmente, ganância.

Lutando bravamente “Os guaranis conseguiram muitas vitórias, mas, no final de 1755, sofreram duas derrotas.” Onde mostrou toda a fragilidade dos indígenas, ante o poderio de fogo do homem branco. “Em 7 de fevereiro de 1756, após uma série de derrotas, cerca de 1.500 guaranis foram dizimados na batalha de Caiboaté, na entrada da cidade de São Gabriel.” Seu herói “Sepé Tiaraju morreu no combate, provavelmente numa emboscada.” (Wikipédia, 2016) Dessa forma chegava ao fim a vida de um homem de coragem, um homem que lutou ao lado do povo que o havia adotado e do homem branco, por acreditar que poderiam viver em paz com esse. Grande erro desse incrível guerreiro!


d5b3a454.jpgCom sua morte ficou difícil saber mais sobre a vida dele e “A partir desse momento, história e lenda se confundem. Como o corpo do bravo guerreiro não foi encontrado no campo de batalha, espalhou-se a crença de que ele subira aos céus. Surgiu, assim, a veneração a São Sepé, um santo não reconhecido pela Igreja Católica.” Mas para o povo do sul do Brasil, principalmente para os povos do estado Rios Grande do Sul, sua memória ainda é muito presente e para eles é o São Sepé, portanto, um santo, reconhecido e aclamado pelo povo.

De sua vida, após muitas pesquisas, o que se sabe com certeza é que “Sepé Tiaraju criou táticas militares inovadoras para sua época, priorizando a guerrilha e evitando grande batalhas. Além disso, idealizou e construiu quatro peças de artilharia, confeccionadas com cana brava. (Wikipédia, 2016). Nada se sabe sobre essa arma e hoje com o nome da cana foi batizada uma cachaça brasileira e uma usina hidrelétrica, no estado de Minas Gerais, mas não há referências sobre a arma criada por Tiaraju, que se perdeu na história e ainda precisa ser resgatada.

Por tudo isso, “Sepé Tiaraju virou um herói popular no Rio Grande do Sul. É atribuída a ele a exclamação épica "Esta terra tem dono!". Portanto, se não o primeiro, uns dos primeiros patriotas dessa jovem nação. Também “Sua memória ficou registrada na literatura por Basílio da Gama no poema O Uraguay (1769) e por Érico Veríssimo no romance O Tempo e o Vento.” (Wikipédia, 2016) Imortalizando suas façanhas, aumentando sua fama e dessa forma criando-se mais uma lenda. 


d3dd1223.jpgPorém “Apesar da devoção popular e da existência de um município chamado São Sepé, o líder guarani não é considerado santo pela Igreja Católica. Está, no entanto, presente no calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, sendo comemorado no dia 7 de fevereiro.” (Wikipédia, 2016) Mas isso não importa, para o povo gaúcho ele é seu santo e nada vai tirá-lo desse patamar, nem mesmo o não reconhecimento da igreja católica.

Mas já começou-se a fazer justiça. Iniciou-se uma justa homenagem  em sua memória com a publicação de uma lei, reconhecendo o seu estatus de Herói da Pátria. “Em 21 de setembro de 2009, foi publicada a Lei Federal 12.032/09, que determina que "Em comemoração aos 250 (duzentos e cinquenta) anos da morte de Sepé Tiaraju, será inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de José Tiaraju, o Sepé Tiaraju, herói guarani missioneiro rio-grandense" Uma bela homenagem para quem lutou por um povo que não era seu, lado a lado com os algozes de sua tribo, sua família, mas não deixou que tais sentimentos pessoais interferissem na sua liderança como grande guerreiro e na luta pelas terras da tribo que o havia adotado.


Para ele pessoalmente poderia ter significado uma guerra sem sentido, causada por uma raça que ele desprezava por ter causado a morte de sua tribo e família, mesmo a terra que estava sendo disputada não era sua, pertencia a tribo que o havia adotado. Mas isso não impediu que ele participasse ativamente dela, lutasse pelos seus, por sua tribo, sua família, seu país, não teve lugar para sentimentos ou ressentimentos mesquinhos de vingança. Lutou até o fim, deu a sua vida pela causa em que acreditou, perdendo ela no campo de batalha. 

Morreu o homem, mas a lenda continua...


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


Para saber mais:

___Sepé Tiaraju. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sep%C3%A9_Tiaraju Acesso em: 12/03/2017

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