BIBLIOFILIA - COLEÇÃO DE LIVROS

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Para Fernando Mustafá Costa (2009) em seu Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de bacharel, do curso de biblioteconomia da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com o título “Bibliofilia: a eterna devoção aos livros” o autor definiu perfeitamente o que é a bibliofilia.  Segundo ele bibliofilia é “O vício, a paixão, a mania de se adquirir e colecionar livros – ou seja, a bibliofilia – é tão antiga quanto à própria criação do registro da escrita.Colecionar é uma necessidade humana, às vezes marcada por motivos pessoais, psicológicos e até terapêuticos.” (Costa, 2009 p.14)  

Na definição do dicionário brasileiro a palavra bibliofilia é um substantivo feminino e define quem tem amor pelos livros, não importa se são raros ou somente com valor sentimental, cultura de um país, estado, cidade ou somente de uma pequena vila.Também a palavra é definida como arte ou ciência de bibliófilo.

Os livros sempre acompanharam a humanidade após o início da escrita, antes deles a história era passada oralmente de geração em geração, mas com a invenção da escrita ficou mais fácil passar os ensinamentos para a posteridade. Com tantos ensinamentos para serem escritos e preservados para a posteridade, começaram-se a compor os primeiros livros, avolumando-os a cada ensinamentos acrescentado a obra.

Esse arcebispo é lembrado porque foi ele quem “escreveu um verdadeiro tratado de amor e cuidado para com os livros que ficou mundialmente conhecido como Philobiblion, do grego – Philo (amor) e Biblion (livro).” Na visão de Bury (2004,p. 9), “os livros são os maiores presentes de Deus à humanidade, sem eles o conhecimento estaria fadado ao esquecimento”. Ele também aconselha: “os livros devem ser amados acima de todas as riquezas e de todos os prazeres, qualquer que sejam” (2004, p. 34 APUD Costa, 2009 p. 22 E 23).

Mas não é somente o bibliófilo que encontramos colecionando livros, há também os bibliomaníacos que na busca para aumentar suas coleções criam verdadeiras bibliomanias e podem perfeitamente serem diferenciados dos bibliófilos e seu amor pelos livros.

O bibliófilo estuda os livros profundamente e sentem-se à vontade dentro de uma biblioteca pública, por exemplo, fica muitas horas lendo, aprofundando seus conhecimentos em sua área de interesse. Esse personagem ama os livros e tem profundo interesse por eles, por isso os trata com muito carinho e respeito.

Para o bibliomaníaco a compulsão por comprar é muito maior do que parar e estudar os livros que possui ou conhece, sua satisfação é montar sua coleção. “Assim, o bibliófilo o pode ser sem mesmo possuir nenhum livro assim como o bibliomaníaco pode sêlo (sic) sem ler algum.”(Dias, 2016)   De qualquer forma não importa se é um bibliófilo ou um bibliomaníaco ao começarem suas coleções, ambos deverão adotar critérios para fazer com que sejam mais valorizadas a cada nova aquisição. Dois critérios importantes são: a raridade de um livro e a importância do referido escrito na tradição cultural.

O bibliófilo a princípio estuda seus livros pelo interesses pessoal e com o passar do tempo poderá procurar as primeiras edições dos livros que leu, por simples curiosidade. Já o bibliomaníaco fará o mesmo mas não pensando em conhecer como é, de que forma a obra foi publicada em primeira mão, mas sim pensando no valor de mercado que essa primeira edição possa trazer para ele e sua biblioteca.

Já o bibliófilo está mais interessado no livro propriamente dito, no valor histórico e cultural de seu povo, estudando a sua história e o impacto que ele teve quando foi lançado. Isso com toda certeza resultará em uma longa pesquisa e poderá ser a origem de mais um livro sobre o assunto. Conforme dizia o bibliófilo brasileiro José Mindlin sobre chegar ao ponto de desejar colecionar primeiras edições, "Quando se chega a esse estágio, aquele que pensava em ser na vida apenas um leitor metódico está irremediavelmente perdido".(Mindlin, 2010)

Raridade! Talvez seja essa a palavra que defina o que mais agrega valor monetário a uma coleção de livros, sejam eles pertencentes a um amante ou somente um colecionador que está investindo sua fortuna na coleção de livros raros.

Com raras exceções esses raros livros estão quase sempre nas primeiras edições de clássicos da literatura mundial e são disputados a tapas em leilões pelo mundo a fora. Mesmo tendo muito dinheiro para gastar, não significa que poderá conseguir arrematar a obra que deseja e se não for adotados alguns critérios, poderá ser um projeto dispendioso e fazer com que o colecionar desista de continuar sua coleção.

Nem sempre um livro por ser a primeira edição de alguma obra é valioso monetariamente. Seu valor pode estar ligado a cultura de uma comunidade, um país, mas isso por si só, não torna a obra muito valiosa mundialmente.  Já a raridade do livro poderá dar contornos de preciosidade para ele e torná-lo muito atraente entre colecionadores e com o aumento da procura, ele poderá ser uma obra muito valiosa, se conseguirem encontrar algum de seus escassos exemplares.

O colecionador precisa ter em mente que ao colecionar seus livros e procurar por obras raras, não somente terá dificuldades em encontrá-las, como também terá que estar disposto a gastar muito para conseguir a desejada obra, não somente em dinheiro, mas em tempo também. Ainda precisa ter cuidado para não se equivocar com obras locais que talvez tenham muito valor, mas restrito às suas comunidades, cidades ou países.

Os livros antes da invenção da prensa eram feitos totalmente a mão e para isso precisavam muito tempo para poderem produzir um exemplar, demandando muitas horas de esforço, com isso deixando a obra muito cara e somente os membros da alta sociedade poderiam comprar um deles. Com o advento da impressão os livros foram ficando mais baratos, feitos em larga escala e dessa forma as classes mais baixas puderam adquirir algumas obras.

As primeiras edições de Willian shakespeare (1564-1616) por exemplo são consideradas raríssimas e quando uma delas aparece em algum leilão pelo mundo a fora, ninguém sabe até onde o último lance vai chegar.  Já os livros do escritor brasileiro Paulo Coelho, apesar de terem sidos traduzidos mais que Willian shakespeare, suas primeiras edições não são tão valiosas e podem ser adquiridas com facilidade, assim como tantas outras obras que foram lançadas mundialmente.

Esses somente são alguns exemplos do que pode confundir o colecionador ao investir em um livro e desprezar o outro e no futuro se arrepender da decisão. Por isso precisa estar sempre atentos e continuar procurando por peças que se encaixem nos critérios de sua coleção e esse esforço com toda certeza, acontecerá pelo resto de sua vida. Quase sempre um livro que foi um fracasso editorial, no futuro,poderá ser um livro procurado e disputado, por isso o colecionador tem que ficar atento e adquirir esse exemplar enquanto pode e custa barato. Fique atento!

Curiosidades:

Ex libris é uma expressão latina empregada para determinar a propriedade de um livro e

que significa literalmente dos livros. Portanto, o termo indica que tal livro é “propriedade de” ou “da biblioteca de” Fonte: (http://jornalivros.com.br/category/bibliofilia)

Os incunábulos

Do latim “in cuna” (no berço) foram os primeiros livros impressos na invenção da imprensa tipográfica dentre o período de 1455 a1500 quando surgiu um novo método de impressão.Os primeiros incunábulos se assemelhavam aos manuscritos: não havia nenhuma informação na primeira folha, os tipos imitavam a caligrafia da época, inclusiva nas ligaduras e abreviações.(Giordano 2009, p. 10 APUD Costa, 2009 p.19)

O 'Codex Leicester':Livro de anotações de Leonardo da Vinci escrito à mão. Datado do século 16, foi vendido por US$ 30,8 milhões (R$ 70 milhões) em 1994.

Para saber mais:

ALVES, João José.  Bibliofilia: a eterna devoção aos livros. Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo,2009 – São Paulo, SP Dias. Iniciação à Bibliofilia, Pró Associação Portuguesa de Alfarrabistas, 2ª Feira do Livro Antigo, MCMXCIV.

COSTA,  Fernando Mustafá. Bibliofilia: a eterna devoção aos livros. Disponível em http://eprints.rclis.org/16905/1/TCC_Bibliofilia_Fernando%20Mustafa.pdf Acesso em 22/07/2016

LEWIS, Aidan, Livro mais caro do mundo é vendido por $32,6 milhões. Disponível em:  http://www.bbc.com/portuguese/notícias/2013/11/131126_bay_psalm_book_livro_mm Acesso em: 02.09.2016

___ Curiosidades. Disponível em   http://jornalivros.com.br/category/bibliofilia/   Acesso em 22/07/2016

___ Bibliofilia – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Bibliofilia&oldid=35211869 Acesso em 12/06/2016

___ Colecionismo  -  Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Colecionismo Acesso em 12/06/2016 Costa.Fernando Mustafá.