Sergio Weinfuter

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CABEÇAS: UMA BIZARRA COLEÇÃO

CABEÇAS: UMA BIZARRA COLEÇÃO


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                                           Imagem:  http://www.mundogump.com.br/o-colecionador-de-cabecas/



Muitos bandidos assassinos e sádicos precisam levar consigo algo que lembre as suas vítimas. Muitos levam uma peça de roupa, uma unha, cabelo, partes do corpo ou suas cabeças. Todos eles acreditam que precisa levar algo de suas vítimas para relembrar o que fizeram, muitos dele sentem imenso prazer nisso.


Isso é sadismo puro misturado com a maior maldade que a vida do ser humano pode imaginar e claro, isso não é normal. Mas o que dizer de alguém que tem uma coleção de cabeças de pessoas que foram mortas e exibe orgulhosamente sua coleção? Um homem que nunca matou alguém coleciona cabeça de guerreiros mortos e posa em uma foto ao lado de sua coleção. Impossível? Não!


0c3b7a46.jpgAconteceu em 1895 com o Sr. Horatio Gordon Robley que posou pomposamente ao lado de sua coleção de cabeças decepadas. A foto foi tirada “[...] diante de sua suntuosa coleção de mokomokai, as cabeças dos chefes Maori preservados, mostrando suas incríveis tatuagens faciais, em 1895. A demanda européia (sic) pelas cabeças mumificadas de guerreiros Maori tatuadas teve um bum na década de 1820. Acho que as pessoas curtiam este estranho tipo de “decoração”. (David, 2014, p.1)


Nessa época a forma de decoração das casas era um tanto bizarra e a coleção de cabeça enfeitava a sala de estar do Sr. Robley. Segundo David (2014, p.1) “A razão pelo qual as pessoas dessa época não se importavam em ostentar nas paredes de suas casas abastadas cabeças humanas cortadas é que os europeus do período se consideravam muito acima dos “selvagens” que eram encarados muito mais como animais do que como pessoas. Nem preciso falar que os caras também achavam que os animais só serviam para ser mortos e adornar paredes.”


Estranhamente “A percepção de que “estavam acima de todo o resto da criação” persistiu por muitos anos. Chega a ser nauseante a ideia de que em pleno ano (não tão distante) de 1958, num Zoológico da Bélgica, crianças negras ficavam em jaulas, apresentadas ao público como uma curiosidade da África Selvagem. Eles eram alimentados pelos visitantes brancos com bananas, como se fossem macacos.” (David, 2014, p.1)


f7335fe1.jpgSegundo historiadores “As cabeças decepadas dos Maori tornaram-se objetos de valor no comércio durante a guerra dos Mosquetes, no início do século 19.” (David, 2014, p.1) Mesmo sendo pertencentes a um ser humano essas cabeças eram muito valorizadas e de certa forma apreciadas, devido às diversas formas de tatuagens que elas continham. As cabeças foram decepadas depois da morte da pessoa e vendidas a colecionadores.


O que valorizava essas cabeças decepadas eram “As tatuagens faciais Moko que eram tradicionais na cultura maori até cerca de meados do século 19, quando o seu uso começou a desaparecer, embora tenha havido uma espécie de revival do final do século 20.” Segundo pesquisadores “Na cultura pré-europeia a tatuagem dos Maori denotava um status social elevado. Apenas os homens tinham o moko facial completo, embora as mulheres de alguma importância social muitas vezes tinham moko em seus lábios e queixo.” (David, 2014, p.2)


Mas não era somente uma pintura “O Moko marcava o rito de passagem e demonstrava a posição na hierarquia social. Principalmente, funcionavam como um indicador dos eventos significativos em suas vidas. Cada moko era único e dava informações sobre a pontuação da pessoa, tribo, linhagem, ocupação e outras informações relevantes.” (David, 2014, p.2)


207c4542.jpgTambém não era uma pintura para qualquer um. “Os Moko eram caros, e para obter um moko elaborado, somente os chefes e os membros mais altos na hierarquia do grupo, como os guerreiros conseguiam pagar. Além disso, a arte do moko era secreta, e permanecia como um tesouro que passava de pai para filho, cercado de um estrito tabu e protocolo.” (David, 2014, p.2)


Mas a pessoa que possuía um moko desenhado em sua face de certa forma era uma pessoa marcada, pois “Quando alguém com moko morria, muitas vezes, a cabeça era decepada e preservada, porque o Moco era o bem mais valioso deles.” O corpo decapitado era enterrado, mas a cabeça permanecia com sua família que a vendia para alguém fazer dela uma peça de sua coleção.


Para preservar a “peça” de coleção “O cérebro e os olhos eram removidos, e todos os orifícios do crânio cuidadosamente lacrados com fibras de linho e goma. A cabeça era então, cozidas no vapor de um forno antes de ser defumada numa fogueira e depois disso ela era deixada no sol por vários dias. Ao final de um certo período, ela era hidratada com óleo da gordura de tubarão.” (David, 2014, p.2)


ff639600.jpgA princípio “Tais cabeças preservadas, mokomokai, seriam mantidos por suas famílias em caixas incrivelmente ornadas com detalhes intrincados, e só saíam das caixas para cerimônias sagradas.” (David, 2014, p.2) Dessa forma elas viravam uma relíquia de família e eram passadas de geração a geração, até que alguém da família resolveu vender a “joia” de família.


Quase sempre “Os chefes inimigos mortos em combate nas guerras das tribos locais também eram preservados por respeito.” Mas essas cabeças também serviam para outro propósito e “Estes mokomokai, eram considerados troféus de guerra, e costumavam ser exibidos no Marae e zomba. No entanto, eles também foram importantes nas negociações diplomáticas entre tribos em guerra, com o retorno e troca dos mokomokai funcionando como um importante símbolo e condição essencial para a paz.” (David, 2014, p.2)


O homem que posa junto com sua coleção de cabeças decepadas e mumificadas era nada menos que “[...] o Major-General Horatio Gordon Robley que posa com as cabeças de líderes diversos. Esse cara era um oficial do exército britânico e também um artista que serviu na Nova Zelândia durante as guerras territoriais da Nova Zelândia em 1860.” (David, 2014, p.2) Não foi ele quem matou os líderes que faziam parte de sua coleção, mas foi ele que conseguiu juntar essa bizarra e estranha coleção.


Na realidade “Ele estava interessado em etnologia e ficou fascinado pela arte da tatuagem. O cara era um ilustrador talentoso e escreveu o texto clássico sobre o tema do moko, chamado “Moko ou tatuagem Maori”, que foi publicado em 1896, impressionando muitos conterrâneos.” (David, 2014, p.2) Em tese, ele era um artista com o bizarro gosto pelo macabro, o inusitado, o diferente...


faec8ab3.jpgLogo “Depois que ele voltou para a Inglaterra, Robley construiu uma notável colecção (sic) de 35 a 40 cabeças mokomokai que mais tarde ele ofereceu à venda para o governo da Nova Zelândia. Quando a oferta foi recusada, a maior parte da coleção foi vendida para o Museu Americano de História Natural.” (David, 2014, p.2)


Agora “Mais recentemente, tem havido uma campanha para repatriar para a Nova Zelândia centenas de mokomokai hoje expostas como curiosidades bizarras em museus e coleções particulares em todo o mundo, seja para ser devolvidos a seus parentes ou para o Museu da Nova Zelândia para o armazenamento e não exibição.” (David, 2014, p.2) Seria uma forma de respeitar a pessoa que morreu, deixando-a descansar em paz, todo o seu corpo e não ser uma “curiosidade” para todos por onde passar.


É mais uma das muitas coleções bizarras que existem pelo mundo, algumas sendo incentivadas pelo estudo, outras pelo gosto de coisas diferentes e algumas por coisas obscuras, coisas que ninguém gostaria ou ousaria colecionar. Outras são criadas pelo comportamento humano, uma espécie de moda e muitos colecionadores seguem na onda como foi o caso de Robley que orgulhosamente posou com sua macabra coleção de cabeças decepadas, mas para ele era uma coleção normal.


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


Para saber mais:


DAVID, Philipe Kling. O colecionador de cabeças. Disponível em: http://www.mundogump.com.br/o-colecionador-de-cabecas/ Acesso em: 17/07/2017


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