CVRD - Somos péssimos comunicadores e historiadores. Poucos sabem da história das dificuldades da CVRD-VALE e seus heróis de verdade
Repórter Pergunta Eliezer: Hoje em dia, os grandes empresários são unânimes em dizer que um dos fatores mais importantes para o gerenciamento competente é cuidar do ser humano. Ou seja, saber encontrar, escolher, estimular as pessoas. Aparentemente o senhor já sabia disso há muito tempo e adotou práticas a partir da década de 1940 que hoje são divulgadas como novidades em livros de management. Esse seu olhar holístico é intuitivo?
Não foi nada intuitivo, mas fruto de experiência própria. Durante a ampliação da estrada de ferro Vitória-Minas, a miséria na região do vale do Rio Doce era assustadora. Ali não bastava apenas contratar mão de obra, era preciso dar alimentação, moradia, educação. Não fizemos isso por filantropia, mas porque os trabalhadores rendiam mais assim. E na minha trajetória profissional nunca deixei de aproveitar uma ideia melhor do que a minha. Acho que o valor está no trabalho em equipe, é fazer com que todos se sintam orgulhosos de participar de determinado projeto. Penso dessa forma.
O povo de Itabira sempre entendeu que Cauê era o pai da CVRD e a cidade de Itabira a mãe da CVRD e sempre tratou o empregado e a empresa com a maior lealdade. Um exemplo foi o Dr.Pedro Guerra na época das vacas magríssimas e a CVRD raquítica, endividada e na beira da falência sem crédito e dinheiro e poucos do comércio local queriam fornecer sob o risco de não receber. Mas surge Dr.Pedro Guerra, itabirano de coração como credor da empresa por livre e espontânea vontade para ajudar a empresa e naquela época se preocupava com o desemprego, ele foi um grande exemplo de itabirano cidadão. Ajudou a CVRD.
O Projeto Carajás e a sua opulência foi erguido com todo know how, experiência e conhecimento sob a cultura de geologia, de mineração, beneficiamento e tratamento de minério de ferro. Todos procedimentos técnicos foram adquiridos, ou copiados da cultura de gestão das atividades desenvolvidas nas minas de Itabira, o capital humano, o capital operacional emprestaram suas competências e habilidades técnicas ao Projeto Carajás sobre a ciência da mineração..
CONTOS DE FERROVIAS - Rowan Pedro de Araujo
A CVRD - VALE, era uma mineradora pequena, raquítica, sem nenhuma expressão. Toda endividada nas bordas do pico do Cauê em Itabira, 40 km em linha reta da casa onde nasceu Eliezer Batista, engenheiro ferroviário que nunca gostou de ser chamado de doutor. "Fiz diversas viagens ao RJ para convencer o governo investir na CVRD e faze-la uma empresa grande, mas tive sérias dificuldades; Não acreditavam no projeto - CVRD. Fui taxado de "sonhador e megalomaníaco". Juracy Magalhães foi um dos pouquíssimos que acreditava no Projeto CVRD e em nossas ideias. É o baluarte a força motriz do engrandecimento, porque ele decidia e defendeu corajosamente todas as nossas iniciativas e ideias, rumo a CVRD - VALE -Grande. Assinou um cheque em branco; eu diria." (Eliezer Batista) - "Para ter um negócio de sucesso, alguém, algum dia, teve que tomar uma atitude de coragem..." Peter Drucker
Desde que entrei na companhia em 49, busquei galvanizar a ideia de que nem eu e nem meus colegas éramos inferiores a ninguém. Falta de conhecimento não é atestado de incompetência, mas apenas consequência de um conjunto de variáveis, como dificuldade de acesso e limitações de ordem financeira. Eu olhava para os engenheiros americanos da Morrison Knudsen e acreditava que podíamos aprender tudo o que eles faziam nas obras da Vitória Minas. Dito e feito. Meu estilo de trabalho sempre foi o mais coletivo possível. Todas as grandes decisões eram debatidas em equipe – nesse quesito, tive a sorte de reunir profissionais fuoriclasse. Administrar é a arte de aceitar as diferenças. O que eu podia ter de distinção em relação a outras pessoas – talvez mais relacionamentos, acessos internacionais, contatos com ideias novas – não me dava o direito de desprezar o conhecimento do meu companheiro. "A filosofia minha é a seguinte: melhor ideia leva. Não tenho pretensão nenhuma que a ideia seja minha. Até o meu chofer dá palpite" "Acho que o valor está no trabalho em equipe, é fazer com que todos se sintam orgulhosos de participar de determinado projeto".(Eliezer Batista)
ELIEZER BATISTA – ABORDAGENS DE UM´ENGENHEIRO, LÍDER E HERÓI DA CIA VALE DO RIO DOCE – fez 178 viagens ao Japão para firmar negócios com os japonese pelo Grupo VALE nas áreas de minério de ferro, celuloses, alumínio , siderurgia e logística.
“Aos olhos do novo regime, a participação no governo de João Goulart e o prosaico fato de eu ser fluente em russo em plena Guerra Fria, já eram por si só suficientes para me tingir de vermelho da cabeça aos pés.
Com 36 para 37 anos fui o primeiro presidente da empresa que saiu de seu próprio quadro, (empregado de carreira) e ainda acumulei por certo tempo o Ministério das Minas e Energia. Muitos políticos por simples ciúmes, passaram a me odiar”. “A maneira como administrava a Vale também ajudou a alimentar a pecha de comunista que me foi imputada pelos militares.”
“Desde que entrei na Vale, não só acompanhei de perto como senti na pele os efeitos das difíceis condições de trabalho. Ficávamos dias no meio do mato, distantes de qualquer sinal de civilização.”(Eliezer Batista) - “Ao assumir a presidência da companhia, elegi como prioridade dar o máximo possível de segurança e conforto aos funcionários e seus familiares. Construímos habitação, escolas, hospitais e áreas de lazer. Não fazia isso apenas para ser magnânimo. Havia um interesse corporativo por trás de todas estas ações.”(Eliezer Batista)
“Qualquer trabalhador que vê sua família vivendo com dignidade produz mais e melhor. Desta maneira, criamos o surrado, porém indispensável, conceito de vestir a camisa.”(Eliezer Batista)
GRANDE FAMÍLIA
“A Vale era uma grande família. Esse espírito não surgiu da noite para o dia. Foi fruto de um enorme sacrifício coletivo. Cada um dos funcionários sabia que estava gerando riquezas não apenas para o acionista controlador, no caso o governo, mas também para o Brasil, principalmente, para si próprio.”(Eliezer Batista) - “Não estávamos construindo um botequim, mas uma catedral.”(Eliezer Batista)
CALVÁRIO
“Acompanhei a trajetória dos mais humildes trabalhadores que, com seu esforço, conseguiram fazer de seus filhos médicos, advogados ou engenheiros. Isso sempre foi um dos meus maiores orgulhos.(Eliezer Batista) - Mas, para os militares, na época preocupação social era coisa de comunista. Fiquei marcado por causa de todo esse trabalho. Eu era um vampiro socialista no educandário do Rio Doce. Meu destino provável eram as masmorras. Fiquei aguardando a hora da prisão.”(Eliezer Batista)
“Em 1963, haviam estourado mais de mil greves no país. No entanto, nunca houve um caso de paralisação na Vale, o que reputo ao forte espírito familiar que reinava dentro da empresa.(Eliezer Batista)
Colocar a companhia de pé não era apenas um desafio da engenharia; por vezes, era um trabalho para Fernão Dias Paes, Bartolomeu Bueno da Silva e cia. Como bandeirantes, precisávamos nos embrenhar por vegetações fechadas, hostis ao avanço do homem. Nesse período, um personagem de imenso valor foi Mário Carvalho. Mesmo sendo topógrafo, Mário pode ser perfeitamente emoldurado no rol de engenheiros que trabalharam na formação da CVRD. Seu talento superava qualquer diploma. De origem inglesa e italiana, também nascido em Nova Era, era um homem dotado de um vasto conhecimento técnico, algo fundamental naquele momento. Eram dias medievais. Chegamos a registrar mais de quatro mil acidentes em um só ano. Morávamos todos dentro de vagões, no meio da linha. Ficávamos dias no meio do mato, sem banho, bebendo água suja. Até macaco pegava malária.
Juracy Magalhães teve uma influência muito grande nesse período. Quando a Morrison Knudsen foi embora, ferrovia e mina ficaram entregues às baratas. Não havia dinheiro para nada; o Brasil não tinha crédito internacional. Era mais fácil extrair minério com as mãos do que obter recursos financeiros. Fiz diversas viagens ao Rio de Janeiro para convencer a diretoria da Vale a investir no projeto. Juracy foi um dos poucos que acreditou naquele trabalho. É o verdadeiro “São Juracy da Vale do Rio Doce”.(Eliezer Batista)
"Entre os anos os anos 50 e 60 o que mais os japoneses queriam era comprar minério de ferro, e o que a VALE mais queria, era vender minério de ferro. - Mas os americanos e europeus eram contra vender minério para o Japão. O receio era o Japão reativar o poderio bélico nipônico. Estava quebrado e derrotado pela guerra. Mas senti que os japoneses não tinham essa ideia e só pensavam em recuperar o Japão, arrasado pela guerra. Dessa forma; Vi ali uma oportunidade ímpar, mas arriscada diplomaticamente para fazer a CVRD dar um passo gigantesco de pequena mineradora para gigante mineradora, e única que teríamos para crescer, e que era o nosso intuito, e sonho. Há riscos que temos de correr, para sobrevivermos e essa era a situação.
Era um desafio gigantesco; precisávamos de um porto maior, e se tivesse o porto. Teríamos de ter navios de 100 mil toneladas acima, o maior era de 35 mil. Tendo os navios de 100 mil a operação só era viável se os navios fossem com minério de ferro e voltassem com petróleo do oriente. Construímos o Porto de Tubarão a toque de caixa e convencemos os japoneses a investir em navios de 100 mil ton. Acertamos com a Petrobrás a logística dos navios levarem minério de ferro para o Japão e voltando com petróleo do oriente. Inovamos a logística transoceânica e enfrentamos uma guerra internacional de interesses contrários, mas vencemos! O crescimento da VALE nascia dessa nossa iniciativa corajosa na logística, o que não foi fácil! Nós sempre tivemos uma equipe de gente competente, corajosa, sistêmica e coletiva nas decisões.
A Engenharia nos fez chegar às melhores soluções como o nosso capital técnico de planejamento, ação, iniciativa e "acabativa".
Diante do quadro de paralisia de Carajás, creio que o governo tenha entendido que a Vale passava por um momento muito similar ao que viveu na ampliação da Ferrovia Vitória-Minas e na construção do Porto de Tubarão. Mais uma vez, havia um gargalo a ser desobstruído e o governo considerou que minha experiência nessas fases anteriores poderia contribuir de maneira decisiva para tirar Carajás da encruzilhada. Acredito que o principal responsável pelo meu retorno ao Brasil tenha sido José Costa Cavalcanti, ministro de Minas e Energia entre 1967 e 1969. Ele nunca me disse isso claramente, mas, por todos esses anos, guardo comigo a convicção de que, em grande parte, minha volta se deve a ele. Mesmo após ter deixado o ministério, Costa Cavalcanti manteve uma longa influência nas áreas de minas e energia. Na virada do governo Geisel, ele apitava um bocado junto ao general João Figueiredo. Portanto, em 1979, recebi um chamado do presidente João Figueiredo para retornar ao Brasil.
Na época, eu não o conhecia. Em nosso primeiro encontro, em Brasília, ele disse algo como: “Olha aí, você vai receber uma missão. Estamos com esse projeto de Carajás enguiçado; vê se dá um jeito nisso”. Não era um convite, mas uma convocação para a guerra, com direito, em caso de renúncia, a Corte Marcial. Quinze anos depois, eu retornava à Presidência da Vale. Aquele menino de Nova Era, já bem rodado, voltaria a se banhar nas águas do Rio Doce. Figueiredo, é preciso dizer, foi muito leal. Quando aceitei o convite para retornar à presidência da Vale, fiz apenas um pedido. Solicitei que não houvesse interferência política na gestão estratégica da companhia. Figueiredo não apenas concordou como impediu o uso político da CVRD. Por várias, vezes, o ministro de Minas e Energia, coronel César Cals, tentou me degolar do cargo e o presidente não deixou. Preciso fazer justiça à firmeza e determinação do presidente Figueiredo. Carajás só saiu por sua decisão. Naquele momento, o desafio era estender a confiança pessoal do presidente para a argumentação (Eliezer Batista)
IMPLANTADO SOB A GESTÃO DE ELIEZER BATISTA E EQUIIPE O PROJETO CARAJÁS GANHOU REPUTAÇÃO MUNDIAL PELA VANGUARDA AMBIENTAL E EFICIÊNCIA - economia de US$ 1,4 bilhões entregue antes do prazo. O único projeto estatal da história do Brasil que sobrou dinheiro . PROJETO CARAJÁS - CVRD - VALE, EFICIÊNCIA DA ENGENHARIA NACIONAL, PIONEIRISMO EM MEIO AMBIENTE - MINERAÇÃO VERDE,
O Projeto Carajás, veio a apresentar uma gestão eficiente e ímpar. Economia de 1,4 bilhões de US$ . Orçado em 4,2 bi de US$ , o projeto custou 2,8 e entregue antes do prazo com elevado índice de perfeição da equação do grandioso projeto. O Projeto Carajás, é também o pai da palavra Desenvolvimento Sustentável: o conceito de desenvolvimento sustentável só começou a ganhar corpo, quando o empresário suíço Stephan Schmidheiny veio ao Brasil para coordenar a ECO 92 no Rio de Janeiro, e na ocasião visitou o Projeto Carajás (PA) e deparou com os aspectos econômicos,
ambientais e sociais aplicados em simultaneidade. Da prática observada, Schmidheiny, partiu para a teoria e organizou o conceito de desenvolvimento sustentável, ampliando o postulado de ênfase ambiental cunhado em 1987 no Relatório Brundtland.
A Vale não é, e nunca foi, uma empresa produtora de minério de ferro, como todos pensam. A Vale é uma empresa de logística. Esse é o conceito que desenvolvi. Por quê? Porque o minério de ferro é produto de baixo valor. Para levá-lo ao consumidor do outro lado do mundo e ao lado do concorrente, e ganhar dinheiro, tínhamos de ser extremamente eficientes na geologia, produção das minas, beneficiamento , logística ferroviária, portuária, navegação etc. Mina sem transporte (logística) é cascalho. Ferrovia sem carga é ferro velho e navio nosso, parado na barra com porão vazio sem frete é um grande barco pesqueiro ( RJ – 1979)
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