ESCARIFICAÇÃO: A ARTE DE SE DIFERENCIAR

                                            Imagem:  http://www.tintanapele.com/2013/03/40-fotos-de-escarificacoes.html

Diferentemente da tatuagem uma pessoa com escarificação não passa despercebida por onde andar. Algumas não conseguem nem olhar para a pessoa e sua escarificação, sentem nojo, repúdio ou preconceito. Outras pessoas elogiam a portadora de tal “arte” pois entendem o quanto essa portadora da escarificação sofreu para poder exibir para todos o que fez com o seu corpo e se diferenciar na multidão.

Muitos gostam outras sequer ousavam olhar, mas ninguém fica indiferente quando uma pessoa exibe tal extravagante forma de arte em seu corpo. Apesar de na sociedade moderna haver indivíduos que praticam tal arte em seu corpo para poderem se diferenciar dos demais, não foram eles os criadores de tal arte.

Apesar de não ser muito popular como a tatuagem a escarificação também é executada por algumas pessoas em nossa sociedade moderna, porém poucas delas estão acostumadas a vê-las. Quase sempre “A maioria das pessoas que vê uma escarificação se espanta com a coragem das pessoas que se submetem aos dolorosos procedimentos de escavar a própria pele fazendo literalmente buracos na carne viva, que mais tarde, se tornarão cicatrizes, e dependendo da pessoa, “queloides ornamentais”. (David, 2014 p.1)

Para quem tiver coragem de experimentar e tentar fazer uma escarificação em seu corpo, com toda certeza “Não há limites para as pessoas que resolvem passar pela modificação corporal da escarificação.” Mas será preciso muita coragem para ela se submeter a tal experiência. “Há muitas formas diferentes no processo de escarificação. Algumas dessas técnicas envolvem fricção, abrasão, esfolia, coçar, gravar com lâminas, folhas, osso, queimar com calor (branding – para muitos adeptos, o “branding” é outro tipo de modificação corporal, mas “parente” da escarificação), raio laser ou com químicos desenhos, padrões gráficos, imagens ou palavras na pele.” (David, 2014 p. 2)

Para quem não conhece “A escarificação é um tipo de modificação corporal permanente. No processo de escarificação do corpo, cicatrizes são formadas por corte ou marca na pele por meio de métodos diferentes.” (David, 2014 p. 2) Ela visa uma modificação pela arte diferente da tatuagem em seu corpo, fazendo com que dessa forma se diferencie das demais pessoas de seu círculo social e fora dele.

Entre vários métodos disponíveis para quem quer realizar a escarificação em seu corpo e “Um desses métodos envolve escavar a ferida sequencialmente, não deixando-a cicatrizar. Essa contínua perturbação do ferimento em intervalos de tempo visa afetar a forma como a pela (sic) cicatriza.” (David, 2014 p. 2) Criando assim uma obra de arte em seu corpo que futuramente será exibida despudoradamente, por onde ela for.

Mas poucas pessoas sabem como essa prática começou e menos ainda conhecem a sua história. Obviamente ela não começou na era moderna, nem com pessoas dos grandes centros urbanos. “As origens dessa prática são obviamente tribais.” (David, 2014 p. 2) Inúmeras tribos consideradas selvagens já praticavam a escarificação a milhares de anos, antes de serem descobertas pelo homem moderno.

Segundo pesquisas de especialistas no assunto “Dentro de antropologia, o estudo das modificações corporais por grupos humanos tem sido muito debatido. Em 1909, Van Gennep descreveu tradições tribais de modificação corporal diversas, incluindo tatuagens, escarificações, e pintura, como partes dos ritos de passagem.” (David, 2014 p. 2) Para essas tribos era muito mais do que arte em sua pele, era a sua identidade, sua identificação com sua tribo, sua família.

Outra pesquisa realizada “Em 1963, Levi-Strauss descreveu o corpo como uma superfície de espera para que fosse “impressa” com as marcas de determinada cultura. Nos anos 80, Turner usou pela primeira vez o termo “pele social” em sua discussão detalhada de como a cultura Kayapó foi construída e expressa através de organismos individuais.” (David, 2014 p. 2) Essas marcas diferenciam os membros das tribos e de longe qualquer um poderia dizer a que tribo pertenciam, somente olhando o desenho em seus corpos.

Já os estudiosos dizem que atualmente, na antropologia, fora dos modismos da juventude urbana, são quatro as hipóteses concorrentes por trás da escarificação, segundo David (2014, p.3):

* É um rito de passagem
* Significa um processo de endurecimento / trauma
* Indica um indivíduo sexualmente selecionado
* Uma indicação patogênica de um caráter adaptativo sexualmenteAutor em Título da fonte

Há diversas razões para que uma pessoa pense em fazer uma escarificação em seu corpo, pode ser para se diferenciar das demais pessoas, mostrar a que tribo pertence ou no que acredita e “Há também razões estéticas, religiosas e também sociais para escarificação. Por exemplo, a escarificação tem sido amplamente utilizado por muitas tribos do Oeste Africano para marcar fases cruciais tanto na vida dos homens como na das mulheres, como a puberdade e o casamento.” (David, 2014, p.3)

Também “Há quem sustente, que nos grupos primitivos, a escarificação surgiu primeiro que a tatuagem, uma vez que os primeiros hominídeos poderiam usar pedra lascada para se marcar como pertencendo a um determinado grupo. As cicatrizes indicariam de maneira indelével sua origem e importância social.” (David, 2014, p.3) O debate segue mas ainda não foi adotado por todos os pesquisadores do assunto, pois ainda restam inúmeras dúvidas sobre essa teoria.

Outra teoria fala sobre a cor da pele do ser humano e nessa “Outra questão para a pratica (sic) da escarificação ter se disseminado mais amplamente, envolve o fato de que a escarificação é geralmente mais visível em pessoas de pele mais escura do que as tatuagens.” (David, 2014, p.3) Mas também essa teoria não é amplamente aceita, ficando as pesquisas oscilando entre uma e outra teoria.

De concreto o que se sabe é que “Entre os diversos motivos para a escarificação, está um inusitado: O prazer. Verdade, eu disse o prazer. Endorfinas podem ser liberadas no processo de escarificação que podem induzir a um estado de euforia.” (David, 2014, p.3) Não é de estranhar, pois na procura pelo prazer as pessoas fazem coisas muito loucas, coisas que a maioria dos seres humanos não faria, mas sempre há alguém disposto correr o risco e desfrutar de um suposto prazer inusitado. Talvez a prática da escarificação seja uma dela.

Porém sua necessidade de chamar atenção talvez seja uma forma de alcançar algo maior, não simplesmente aparecer. “Isso ocorre, por exemplo, na cicatriz no abdômen das mulheres de muitas tribos, pois nessas tribos a escarificação é utilizada para designar uma vontade de ser mãe. Sua capacidade de tolerar a dor da cicatriz é um sinal explícito de maturidade emocional e prontidão para ter filhos.” (David, 2014, p.3)

A grande maioria das pessoas praticantes da escarificação pensam somente em se diferenciar uns dos outros, mostrando a todos a que tribo pertence. Também “A maioria das pessoas em certas regiões da África que têm “marcas” podem ser identificados como pertencentes a uma tribo ou grupo étnico específico.” Simples assim, por exemplo “Algumas das tribos no norte de Gana que usam as marcas são as Gonjas, Nanumbas, Dagombas, Frafras e Mamprusis. Nas sociedades ocidentais e urbanas, a escarificação tribal ganhou contornos diferenciados, mas ainda opera como um indicador social. (David, 2014, p.3)

Para essas pessoas elas podem dizer que literalmente suas marcas as diferenciam. Na prática da escarificação ela pode ser incrementada com outros tipos de arte e “Algumas vezes, as escarificações são misturadas com outras técnicas, como implantes subdermais e até tatuagens. Há também processos pelos quais é possível induzir as quelóides, afim de gerar marcas de escarificações em alto-relevo.” (David, 2014, p. 6)

Uma forma de variar a escarificação e “O que se faz bastante é tatuar grandes massas de preto para gerar o contraste com o vermelho vivo da carne subdérmica.” (David, 2014, p. 6) Não é uma forma bonita de olhar para o desenho, principalmente se a pessoa que olha é bastante sensível ou se impressiona fácil, pois essa forma de escarificação mostra bem a carne viva em contraste com o escuro da pele tatuada.

Com isso em mente também é preciso ter cuidado pois “Além disso, os procedimentos devem ser cuidadosamente realizados, para evitar riscos, como a contaminação por Aids. Se tem gente pegando Aids e Hepatite por vacilo de manicure, imagina num treco desses, né meu amigo?” (David, 2014, p. 6) Todo o cuidado é pouco, ninguém quer entrar em um estúdio para desenhar uma obra de arte em seu corpo e sair com ele doente.

Também se não houver cuidados adequados “Há o perigo de moscas depositarem ovos na ferida, que poderão começar a comer sua carne e… Você pareceria um zumbi. A ferida deve ser mantida limpa, utilizando soluções antibacterianas ou sabonetes muitas vezes, e ter uma boa higiene em geral.” (David, 2014, p. 6) Ela deve ser tratada como qualquer lesão no corpo humano, com muito cuidado!

Outra prática pode ser a procura por acompanhamento de um profissional da saúde, o que nessas circunstâncias é uma ótima pedida. “Não é invulgar, que pessoas que façam isso, busquem um acompanhamento médico, para usarem antibióticos, evitando riscos decorrentes das feridas abertas.” (David, 2014, p. 6) Mas também existe outro cuidado para a pessoa que deseja fazer uma escarificação em seu corpo: a escolha do profissional que vai realizar o procedimento.

Muitas pessoas já tiveram sua saúde afetada por escolherem tatuadores que não tinham o necessário cuidado com seus instrumentos de trabalho e com isso transmitem diversas doenças aos seus clientes. Com a escarificação o cuidado deve ser redobrado, pois esse processo é mais complexo do que uma tatuagem e “Outra coisa que é óbvia, é que o profissional de modificação corporal precisa ter conhecimento detalhado da anatomia da pele humana, a fim de evitar ferramentas de corte muito profundo, ou que queime muito gravemente ou por muito tempo.” (David, 2014, p. 6)

Se isso acontecer você poderá estar em sérios apuros. Também não é fácil encontrar profissionais especialistas na arte de escarificação, pois “Por razões óbvias, a escarificação não é tão popular como a tatuagem, e por isso é mais difícil de encontrar profissionais experientes na escarificação.” (David, 2014, p. 6) Portanto antes de se submeter a qualquer “entendido” nessa arte, procure orientação, pesquise e se porventura ainda quiser se submeter a uma escarificação em seu corpo, não deixe de lado a segurança. Preserve primeiramente sua saúde, pois é dela que seu corpo depende!

Meu blog:

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Para saber mais:

DAVID, Philipe Kling. Escarificação: A arte de se diferenciar cortando na própria carne. Disponível em: http://www.mundogump.com.br/escarificacao-arte-de-se-diferenciar-cortando-na-propria-carne/ Acesso em: 12/07/2017

___40 fotos de escarificação. Tinta na Pele. Disponível em: http://www.tintanapele.com/2013/03/40-fotos-de-escarificacoes.html Acesso em: 12/07/2017