O sequestro da amígdala

   Você já presenciou na empresa, em casa ou na rua uma pessoa perder a paciência por algo que acaba de acontecer e conforme tenta resolver o problema, não aguenta a pressão e explode, deixando todos boquiabertas? Essa pessoa é conhecida de todas que estão no recinto e sempre se mostrou tranquilo, cordial, mesmo nas piores horas ou situações, mas dessa vez não aguentou e prontamente revidou, surpreendendo a todos com seu inesperado ato.

   Será que ele está com algum problema em casa, no trabalho? Todos se perguntam assustados, por nunca terem visto esse seu colega reagir daquela forma brutal, totalmente fora de sua realdade. Pode-se pensar que ele foi acometido por alguma doença, falta de dinheiro, problemas familiares, no trabalho e por ai vai, mas pode ser que não seja nada disso, foi somente sua amígdala que foi sequestrada.

   Não estou falando das amígdalas que estão localizadas na garganta, mas a que está no cérebro e é responsável pelo controle das atividades emocionais e quando ela falha ou é sequestrada pela torrente de nossas emoções, ocorrem as ações insperadas de mudanças de humor e pode colocar tudo a perder.

   Mas então, o que é essa amígdala que nos causa tantos problemas quando não está sobre controle? Segundo o artigo “Emoções: Amígdala cerebral e o instinto de sobrevivência” escrito pelo professor Dr. Armando Miguel Júnior (2016) “A amígdala uma pequena estrutura do sistema nervoso em forma de amêndoa, importante na aquisição de informações de perigo, processamento, elaboração e produção de respostas aos agentes estressores.” Em outras palavras: É ela quem regula o nosso humor.

“Portanto, a amígdala é fundamental para a autopreservação, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e ansiedade e colocando a pessoal em situação de alerta, aprontando-se para se evadir ou lutar.” (Júnior, 2016) Mas se ela estiver sem controle começam aparecer os problemas que poderão levar a outros problemas e em vez de resolverem, somente aumentam tais problemas.

   Uma amígdala sequestrada não coloca a pessoa somente em maus lenções quando deixamos as emoções tomarem conta de nosso corpo, mas também pode fazer a pessoa “pagar micos,” pois devido a falta de controle emocional, a “vítima” pode descarregar seu humor em hora errada, demonstrar formas de amizades e afeições inapropriadas.

   O sequestro da amígdala nos deixa vulnerareis em nossas reações, mesmo quando estamos apaixonados. O amor incondicional toma conta de nosso corpo e não conseguimos enxergar nada além da pessoa amada. Nessas horas é que fazemos coisas inesperadas até para nós mesmo e depois que passa o momento, não sabemos como conseguimos realizar tal ato, sem ficar acanhado. A “vítima,” foi a nossa amígdala que sofreu um sequestro inesperado.

   Se for no trabalho o momento de tal sequestro, poderemos perder nosso emprego por falar o que não devemos sem pensar e quando passar a fúria e retornamos a razão, pode ser tarde demais. Palavras ditas, não tem como voltar. Para que isso não aconteça, precisamos controlar nossos impulsos, mantendo sobre controle o nosso equilíbrio emocional, antes que nossa amígdala seja sequestrada.

   Agora se for por motivo de acidente, doença, o melhor que tem a fazer é ficar seguro, sob os cuidados de outras pessoas, pois sem a amígdala o ser humano pode se tornar perigoso. Segundo Júnior (2016) “Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem está vendo mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.” Alerta o Dr.

   Mas se a sua amígdala não estiver comprometida, você estiver gozando de boa saúde e integridade física, mantenha a calma. Lembre-se antes do próximo momento de fúria, que sua amígdala pode estar sendo sequestrada e seu corpo ficando sem ação para bloquear os impulsos que nos assolam todos os dias, sejam eles, bons ou maus. Mantenha ela sob controle antes que seja sequestrada outra vez!

Para saber mais:

Júnior. Armando Miguel, Emoções: Amígdala cerebral e o instinto de sobrevivência.

Disponível em: http://www.medicinageriatrica.com.br/2012/08/28/emocoes-amigdala-cerebral-e-o-instinto-de-sobrevivencia/ Acesso em: 12.01.2017

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