Sergio Weinfuter

há 7 anos · 4 min. de leitura · ~10 ·

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Crônica: Confusões de um escritor acuado

Crônica: Confusões de um escritor acuado

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)               Imagem: http://www.equipealfaconcursos.com.br/blog/2011/09/planejamento-para-a-vida/pensador/




Enquanto o papel em branco em minha frente olha para mim zombeteiro, me desafiando a começar escrever, não sei o que fazer! São tantas as coisas para serem escritas, tantas para serem ouvidas e faladas, mas em meu bloqueio, não consigo perceber.

As horas passam voando e continuo a encarrar o papel, que continua em minha frente em completo silêncio a me fitar, mas nem por isso menos zombeteiro. Encaro novamente sua brancura e começou a escrever mais uma crônica devagar, mesmo assim não estou mais confortável ou seguro, ainda tenho um texto inteiro para terminar.

Conforme as palavras tomam formas e o corpo do texto toma seu rumo próprio, minha angústia aumenta, na procura pela melhor forma de expressar meus sentimentos ou seriam pensamentos? Será que o leitor vai conseguir entender, toda a ternura que o texto tenta passar, ou irá ler somente um pedaço e depois o texto vai abandonar? Não sei...

Prosseguindo com o texto agora o que faço, coloco ponto, traço, vírgula ou seria mais um ponto de exclamação? Pode não ficar bom e criar confusão, por isso apago a pergunta e completo a frase com um ponto de exclamação. Que também não ficou bom, a frase não era para terminar assim ou será que era desde o primeiro momento esse seu fim?

Continuou escrevendo, cada vez mais vou me enrolado e lá pelo meio do texto, nada melhorou, ficou tudo mais apavorante, a confusão continuou. Agora que palavra coloco? Ficou bom ou precisa cortar? Estou ficando cansado de escrever, mas esse artigo preciso terminar. Não consigo encontra o seu fim e nem continuar a escrever. Maldito bloqueio!

Avançando mais algumas linhas novamente a dúvida da pontuação continua a incomodar, se coloco dois pontos, um traço ou quem sabe com um ponto e vírgula, consigo sair dessa enrolação. Mas como prosseguir, faltam palavras e já não sei mais o que escrevi... Já sei vou continuar inventando e logo esse texto terminará.

Mas não termina e a noite vai avançando, chegamos a madrugado e o texto continua me desafiando. Não sei se escrevo certo ou correto, tudo pode estar errado ou ultrapassado. Se me refiro a vina ou salsichas, qual termo pode estar errado ou ferrado? Escreveria por favor ou obséquio? Não sei qual o termo está correto ou seria certo? Escrevo estranho ou esdrúxulo, não reconheço esses verbos, parece tudo muito complicado.

Quanto mais lembro das regras de português ficou mais apavorado, muitos verbos indefinidos, perfeitos e imperfeitos aparecem no texto, complicado. Antigamente verbos presentes, passado e futuro seguravam as pontas, mas agora na modernidade os sinônimos, antônimos povoam tomando conta. Não sei o que colocar... As palavras começam aparecerem soltas no texto e não sei como colar, mas preciso consertar essa bagunça.

Continuam se sucedendo os verbos sem sentidos e informais, não sei o que o leitor vai conseguir entender, deduzir entre pessoas ou animais. Mas tenho que continuar a escrever, mesmo que só seja para saber, onde isso vai me levar.

Continua a agonia do texto escrever, mas para desespero do escritor mais verbo continuam aparecer. Verbos nunca antes vistos ou estudados, continua a escrever sem se dar ao trabalho de ler o resultado. Porém quando termina o texto e se põem a ler, a confusão virá o clímax do momento que poderia ser de paz e prazer.

Lendo uma vez, duas, três mil vezes, parece que o texto não se enquadra, deixando as palavras vazias e sozinhas, parecendo tudo bizarro e sem sentido. Levou uma hora para escrever, mais já está a duas corrigindo o conteúdo, mas por mais que me esforço, não consigo parar a correção, que num absurdo, está consumindo meu tempo, muito mais que o primeiro texto original.

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Cansado, esgotado e sem paciência para o texto reler, mas quando menos espera uma esperança brota em sua mente e de repente, tudo fica patente em seu devido lugar. Continuo a corrigir, agora seguido pela luz da nova ideia, que se não ajudou muito, mas foi o suficiente para voltar a correção do terrível texto. Quando tudo começa a voltar ao normal, lembro que no meio desse bacanal, a ortografia mudou...


Como é possível tal mudança acontecer? Tudo que sabia e aprendeu quando criança, nada mais é certo, agora não passa de uma lembrança. Suando frio, com a testa queimando e sentindo arrepios, continua a ler sua crônica, mas sabe que nunca sentiu tanto pavor e nem frio ou seria vergonha? Conforme as palavras se amontoam, ele continua a escrever, encolhido em sua cadeira para não ver, onde esta crônica o levará.

Ortografia, sintaxe, regência e pontuação, tudo me deixa na maior confusão, porque teria que ser assim a escrita em português? Será que a inglês, espanhol ou francês seria mais fácil? Ela não mata o escritor com seus inúmeros jogos de palavras e regras ortográficas chatos? Não sei, mas as palavras continuam a brotar, escrevo continuamente sem vacilar, não posso perder um minuto, minhas forças estão para acabar!

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Quando tudo parece perdido, o escritor não vai resistir, a crônica consumiu com todas suas forças, ele está por um fio. Mas fechando a cara e sem perder a esperança, continua lendo e corrigindo o maldito texto, mas agora segue firme em busca do fim ou seria do começo? 

Não sei... 

Fico indeciso quase não mais aguentando o enorme esforço para finalizar a correção, desse trabalho que se transformou em um monstro, um enorme colosso, uma alucinação.

Envolvido na correção do texto ele quase nem nota que quanto mais ele corrigi, está chegando perto do fim. Seu texto foi aos poucos tomando forma, sua opinião está registrada, restam agora somente mais algumas anotações, suas últimas marteladas. A liberdade chega sem bater a sua porta, libertando ele de todas suas dúvidas e incertezas. Mas ainda há um último esforço, uma última incerteza...

Mais um pouco, só mais um pouco, diz ele para seu interior que completamente envolto na névoa misteriosa da inspiração de tal crônica, que no último momento voltou. O escritor fica livre de toda sua confusão mental e temor, pois no fim do artigo sem perceber seu pavor acabou. Foi somente ele colocar um ponto final na maldita crônica, que tudo concertou... terminou. 

Tudo não passou de confusões de um escritor acuado.

Você nunca se sentiu assim?


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