Sergio Weinfuter

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SINTO CULPA POR ESTAR VIVO!

SINTO CULPA POR ESTAR VIVO!


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                                      Imagem: http://www.rusmea.com/2013/01/o-fogo-e-os-ossos-da-guerra.html


Guerra. Algo animalesco, fora do normal, mas infelizmente o ser humano tem lançado mão dela diversas vezes. Apesar de sermos a espécie com a linguagem mais complexa do mundo animal, não deveria faltar palavras para evitar a guerra contra nós mesmos. Porém mesmo com essa complexa linguagem, faltam palavras e as guerras se estabelecem. Milhares de vidas são perdida, milhões são gastos em reconstruções, sem falar nas sequelas psicológicas que ficam nas pessoas que participaram dessas guerras, na maioria das vezes inúteis.

Milhares de livros e artigos foram produzidos sobre elas e o cinema não deixa por menos, sempre rememorando grandes batalhas. Mas eles contam a história oficial (nem sempre a verdadeira) que sempre é vista pela perspectiva do vencedor da guerra. Contabilizam os mortos, feridos e desaparecidos, mas dificilmente alguém volta para ver o que realmente aconteceu com os desaparecidos e há histórias de muitos deles terem retornados às suas famílias, décadas após terem sido declarados desaparecidos e por fim morto.

b77d100d.jpgPior que isso, em muitos países a negação do que tenha acontecido em sua história é constante e contam histórias deturpadas e mentirosas para suas novas gerações, incutindo dessa forma na mente das crianças que não houve guerras em sua história e as que houve, não é exatamente como o mundo vem falando sobre elas. Países como Alemanha, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, Japão, Rússia, Vietnã, China e tantos outros que participaram ativamente de diversas guerras, podem ter perdido gerações inteiras de jovens e mesmo assim, nem todos eles estão passando para a nova geração o que aconteceu realmente com eles.

Alguns até excluem os conteúdos de seus livros didáticos, coisa que vem acontecendo com o Japão atual. Segundo o site Rusma. Com (2013) “A guerra não deveria ser tratada como um tabu pela sociedade, somente conhecendo os seus fatos é que se pode evitar de repeti-los. Principalmente pelas escolas Japonesas, que por falta de "provas" omite a torto e a direito as atrocidades cometidas pelo exército Imperial. E ainda mais!”

Dessa forma não alertam as novas gerações, omitem os fatos do passado e no futuro podem cair na mesma armadilha, ou seja, promover a guerra como forma de conseguir conquistar o que deseja. O problema no país é tão grande que “Chega a ser comum professores se esquivando desses assuntos. Um conhecimento importante que deveria fazer parte de cada membro de uma nação que viveu a guerra com tanta intensidade.” (Rusma. Com, 2013)

b7ef3f85.jpgPara evitar que fatos do passado venham a se repetir no futuro, no Japão estão sendo feito esforços com diversos voluntários, para que a história não tenha sua chama apagada. Os esforços estão sendo encabeçados pelo alpinista e ativista ambiental Ken Noguchi, que promove um movimento de exploração a essas cavernas para coleta, registro e posterior funeral dos restos mortais. Não sendo nem o pioneiro e nem o único a dar o devido fim a memória desses mortos, mas sendo o de maior influência atualmente. (Rusma. Com, 2013)

As cavernas referidas são as da batalha de Okinawa onde soldados e civis japoneses se esconderam tentando se salvarem do exército americano. Infelizmente mesmo com todo os esforço não foi possível. “As baixas Norte-Americanas foram mais de 72 mil, das quais, 15 mil e 900 pessoas foram mortas ou dadas como desaparecidas, o dobro de Iwo Jima e Guadalcana juntas.” Nessa época “Em Okinawa existia uma grande população, e as baixas civis na batalha foram no mínimo de 130 mil.” (Rusma. Com, 2013) Portanto não há como ignorar a morte de tantas pessoas, nem mesmo para um país tão disposto a esquecer os horrores da guerra, como o Japão atual.

Os voluntários que trabalham juntos com Ken Noguchi não estão somente trabalhando para tentar contar o que aconteceu nessa batalha na versão oficial. Eles estão recolhendo tudo o que encontram, inclusive ossos dos mortos e “desaparecidos” que ainda estão perdidos dentro das cavernas que acabaram sendo seus túmulos. Nos livros de história contados na versão oficial, ninguém fica sabendo o que aconteceu com os desaparecidos, mas agora eles também poderão ser ouvidos e suas histórias contadas.

Segundo Rusmam (2013) “A razão que motivou o alpinista a recolher os ossos dessas vítimas é bem simples: "Sinto culpa por estar vivo." Segundo o alpinista, era o que seu Avô dizia quando ele era criança.” Ficando essas palavras na lembrança de Ken Noguchi, fazendo que ele na vida adulta, fizesse algo para mudar a história dessas pessoas que pereceram na guerra. Segundo Noguchi “O sentimento de culpa por estar vivo acompanhou o velho soldado por toda a vida ao sobreviver as operações na Birmânia, local onde deixou muitos companheiros para trás e lá jazem até hoje restos mortais deles.”

0772e6e3.jpgNa batalha que se desenrolou “Os Norte-Americanos, além de artilharia pesada, jogaram granadas e atacaram com lança-chamas aqueles improvisados abrigos subterrâneos, que calcitrou e sepultou naquele lugar, os que resistiram a ocupação de 1945.” Dessa forma seus restos mortais ainda estão no local, somente sendo agora encontrados e removidos pela equipe de Noguchi. Com todo o respeito, “Uma reverência e uma ligeira prece... Os restos são levados até o Monumento Nacional da batalha de Okinawa, onde lá são cremados após uma cerimônia.” (Rusma. Com, 2013)

Se as escolas e professores japoneses precisam de mais provas para entenderem o que aconteceu em seu país em um passado ainda recente, Noguchi não vai deixá-los esperar muito tempo. Ele com sua equipe de voluntários continuam procurando pelos vestígios do passado, destacando os locais onde trabalharão:


Hoje os locais de trabalho serão na cidade de Itoman e Yaese. O primeiro foi um hospital de campo. Segundo os arquivos, chegou a abrigar 1000 pacientes. E para cada 1000, havia de 1 a 2 médicos para atendê-los. Quando eu entrei nessa caverna pela primeira vez, senti um ar pesado e cheguei a sentir a aura do lugar. Após a conclusão das atividades, fiquei sabendo que na época, os doentes precisaram abandonar o local após o desembarque dos Norte-Americanos mas, aqueles pacientes que não podiam se mover por contra própria, lhes foram ministrados doses de cianeto. E ainda aqueles que não morriam com o veneno, eram mortos então com tiros de pistola ou fuzil. Como se não bastasse, colocaram a força, a suspeita de espionagem sobre algumas enfermeiras, no qual foram assassinadas com disparos também." Palavras de Ken Noguchi.
Autor em Título da fonte


Os voluntários que trabalham auxiliando Noguchi se esforçam na longa busca pelos vestígios da guerra que devastou o Japão. “Esse grupo de exploradores informais, conta com uma diversificada faixa etária, com o mais jovem tendo 16 anos e a maioria de aficionados em exploração e fãs de Noguchi, na faixa de 20 a 30 anos.” (Rusma. Com, 2013) Todos eles conhecendo uma realidade até então desconhecida para a maioria dos cidadãos. Vendo coisas que somente alguns exploradores viram até hoje, trazendo a tona a realidade do que aconteceu nessa batalha da 2° Guerra Mundial.

cf8ee053.jpgTodos os voluntários estão auxiliando no local de exploração cada um com seu propósito individual. “Perguntando porque uma jovem estudante decidiu participar ela responde: "Vi a sua página na internet e li o seu livro. Levei um susto pois, não fazia ideia dessa realidade. Estudei então o assunto e quando vi a publicação no seu site, organizando a atividade, eu me inscrevi." (Rusma. Com, 2013)

Feita a mesma pergunta para outra estudante ela responde: "Não sei muito de história, mas quando soube dessa atividade, senti que precisava participar." Declarou. Mas não é fácil, além da dificuldade da própria pesquisa, procurando em locais de difícil acesso, há outro problema que dificulta o trabalho desses voluntários: dinheiro. “Quem vem de fora, precisa pagar as passagens de avião, hotel etc. chegando a gastar cerca de 100 mil Ienes (Aprox. 2000 Reais)” Mas nem por isso os voluntários desanimam. “Um outro estudante disse: "Quando soube pelo site, juntei dinheiro fazendo uns bicos. Estou em Okinawa pela primeira vez." (Rusma. Com, 2013)

Com os trabalho de pesquisas desenvolvidos por esses voluntários, aos poucos começam a surgir as tão desejadas provas para a comunidade acadêmica do Japão e quanto mais esses voluntários pesquisam, menos os educadores poderão fechar seus olhos, ante aos fatos e provas concretas encontrados por eles. Talvez seja essa geração que abrirá os olhos dos demais, para que os fatos da história do passado, não se repitam no futuro. “Noguchi reflete se faria o mesmo que esses participantes quando mais jovem, cheio de sonhos e estando com um pé no Himalaya...Pensando nisso ele se enche de admiração e conclui: "Mesmo sendo essa sociedade em que vivemos, ela ainda tem salvação" (Rusma. Com, 2013) Concluiu ele com esperança!


Meu blog

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/


Para saber mais:

___O fogo e os ossos da guerra. Disponível em: http://www.rusmea.com/2013/01/o-fogo-e-os-ossos-da-guerra.html Acesso em: 13/06/2017


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                                                                                             Os voluntários de Noguchi

                                    

                                  

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Comentários

Sergio Weinfuter

há 6 anos #2

#1
Yes @Joyce Bowen, I agree perfectly. It is necessary to study history. Hug.
La guerra es horrible, y las atrocidades de la guerra son peores. Siempre parecemos ejemplificar la guerra en nuestros libros de historia. Incluso en los Estados Unidos, los libros de historia han sido reescritos con el tiempo para glorificar nuestro pasado. Siempre repetiremos nuestros errores si nuestros errores están ocultos.

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